Limitação de candidatos em debates agride a democracia, diz deputado

Presidente do PCdoB Maranhão, o deputado federal Márcio Jerry (MA) avaliou como negativa a decisão de redes de rádio e TVs de limitarem os debates durante o período da campanha eleitoral 2020. Para o parlamentar, a medida irá cercear a própria democracia.

“Restringir entrevistas de candidatos e debates no rádio e TV é prejudicar o pleito eleitoral democrático, é em verdade restringir a própria democracia. Nesses tempos de ‘cancelamentos’, vem agora a TV Globo cancelar entrevistas e debates com candidatos a prefeitos. Absurdo que agride a democracia”, opinou o parlamentar, atual vice-líder do partido.

Esta semana, a Globo informou que limitará a quatro o número de candidatos que participarão dos debates organizados pela emissora em 2020. Em comunicado interno, a TV líder de audiência no país disse que o critério para a escolha dos convidados será a posição na pesquisa eleitoral mais recente, seja Ibope ou Datafolha.

A medida foi tomada para conter a epidemia do coronavírus, segunda a empresa. Pelo mesmo motivo, entrevistas com candidados, no estúdio, foram canceladas.

Em razão da pandemia, as eleições municipais previstas para outubro de 2020 foram adiadas para o dia 15 de novembro, em primeiro turno, e dia 29 de novembro de 2020, em segundo turno, onde houver, de acordo com a Emenda Constitucional nº 107/2020, aprovada em julho deste ano.

Confira abaixo o comunicado na íntegra emitido pela Direção de Jornalismo da Rede Globo:

“Desde o início da pandemia, a Globo tem se esforçado ao máximo para esclarecer o público sobre como evitar o contágio pelo coronavírus. Como prestam um serviço essencial, seus jornalistas não pararam de trabalhar, mas seguem um rígido protocolo para evitar ao máximo que adoeçam.

No planejamento para cobrir as eleições municipais, acreditou-se que o país chegaria a outubro com taxas de contágio sob controle, o que, infelizmente, não ocorrerá. Há outro aspecto: o elevado número de candidatos a prefeito em quase todas as cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, para citar apenas três, com dez ou mais candidatos. Isso impõe grandes desafios.

Para se ter uma ideia, com dez candidatos, considerando que cada um possa ser acompanhado de apenas dois assessores (no passado esse número era superior a dez), haveria 30 pessoas ligadas às campanhas no estúdio num debate de primeiro turno. Acrescentando a equipe da Globo minimamente necessária para realizar o evento com qualidade, esse número supera 200 pessoas, incluindo jornalistas, câmeras, produtores, profissionais da sala de controle técnico, tecnologia, comunicação, operações e segurança (num debate normal, com plateia e convidados, é o dobro disso). Não há protocolo sanitário que garanta a saúde aos profissionais da Globo e aos candidatos.