Partidos Palestinos anunciam acordo histórico de unidade
Todas as frentes políticas partidárias e de resistência da Palestina firmaram nesta quinta-feira (3) – em uma reunião histórica – um acordo para confrontar a ocupação e a normalização das relações entre Israel e um país da região, mediada pelos EUA de Donald Trump. Entre os participantes estavam o presidente palestino Mahmoud Abbas e o chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniye, que estreitaram o diálogo para a construção de um programa político de unidade nacional.
Publicado 04/09/2020 21:41 | Editado 04/09/2020 21:47
A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) saudou “esta importante aproximação e torce para que cada vez mais as divisões internas na Palestina – e entre todos aqueles no mundo que lutam pela sua libertação – caiam. Precisamos mais do que nunca desta unidade para barrar o espúrio ‘Acordo do Século’ que pretende, ao fim e ao cabo, liquidar a Questão Palestina expulsando de vez o nosso povo de sua terra ancestral”.
Confira a íntegra do emitido pela reunião dos secretários-gerais das facções palestinas:
Em nome de Deus, o Misericordioso
Um comunicado emitido pela reunião dos secretários-gerais das facções políticas palestinas
Ao nosso grande povo
À nossa nação árabe e islâmica
Ao Mundo livre
Nestes momentos cruciais da história do nosso povo, em que sua causa central está exposta aos perigos da conspiração e da liquidação e das tentativas de reduzi-la a soluções de subsistência, tirando-nos o direito de determinar o nosso próprio destino e estabelecer o nosso Estado independente e totalmente soberano nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com Jerusalém ocupada como capital, tal como estipulado no documento do Acordo Nacional, que resolve a questão dos refugiados e o seu direito de regressar daqueles que foram expulsos, conforme estipulado na Resolução 194 (da ONU), nos chegam as tramas e os planos da autoridade ocupante e da atual administração dos EUA, por meio do “acordo do século” e os planos de anexação, além da aprovação de uma normalização gratuita, amplamente rejeitada por todo nosso povo, destacando-se o recentemente anunciado entendimento tripartite EUA-Emirados Árabes Unidos-Israel.
E neste encontro histórico de hoje, a ação dos palestinos começa com a unidade tal qual uma pinha, sob o guarda-chuva da OLP, o legítimo e único representante do nosso povo, com uma iniciativa corajosa e de alta responsabilidade nacional do irmão Presidente Abu Mazen (nome de guerra de Mahmoud Abbas – nota da redação do i21), Presidente do Estado da Palestina e do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina e dos Secretários-Gerais dos partidos, com vistas a iniciar-se um esforço nacional abençoado que responda ao sincero desejo nacional, coerente com os nossos objetivos, princípios e fundamentos imperativos, e que nos obriga a dar fim à divisão, alcançar a reconciliação e encarnar a convergência nacional palestina.
O povo palestino, na totalidade de sua composição, à frente da qual situa-se a reunião dos líderes palestinos, hoje liderada pelo irmão Presidente Abu Mazen, afirma absoluta rejeição de todos os projetos destinados a liquidar a nossa causa nacional e a transgredir os nossos direitos legítimos, bem como rechaça qualquer dano a Jerusalém e aos seus lugares sagrados cristãos e islâmicos. São condenáveis todas as manifestações de normalização com a ocupação e se as considera uma facada nas costas do povo palestino e das nações árabes e islâmicas. A liderança palestina exorta os nossos povos e os povos livres do mundo a enfrentarem com todas as suas forças estes planos.
A reunião de secretários-gerais também discutiu as regras para enfrentamento da ocupação, incluindo a ativação de atores regionais e internacionais para fazer frente a estes planos. Os reunidos acordaram quanto aos meios e mecanismos de luta para enfrentar a ocupação em nossa terra ocupada, incluindo os pactos internacionais que garantem o direito dos povos a resistir à ocupação.
Nós, como palestinos, acreditamos que é nosso direito promover todos os meios legítimos de luta, e nesta fase concordamos em desenvolver e ativar a resistência popular como a opção mais adequada neste momento na defesa de nossos legítimos direitos contra a ocupação.
Para que alcancemos nossos objetivos estratégicos de acabar com a ocupação e estabelecer o Estado, devemos dar fim, urgentemente, com a divisão e alcançar a reconciliação e a convergência nacional. Neste contexto, enquanto povo unificado, que vive numa única pátria livre, concordamos com a necessidade de viver sob um sistema político democrático único, de uma autoridade e de uma lei, num quadro de pluralismo político e intelectual, e em consolidar o princípio da alternância pacífica do poder através de eleições livres e justas, de acordo com a plena representação proporcional num país guiado pelas normas internacionais.
Afirmamos, também, o estabelecimento de um Estado palestino em todo o território palestino ocupado, com Jerusalém como capital, e afirmamos que não haverá Estado em Gaza, e nenhum Estado sem Gaza.
Conscientes da necessidade de unificar nossas posições, apesar das divergências de opinião sobre algumas questões, decidimos formar um comitê de personalidades nacionais equilibradas, que gozam da confiança de todos, para que apresentem uma visão estratégica para que alcancemos o fim da divisão, a reconciliação e convergência, nos marcos da OLP como único e legítimo representante do povo palestino, no prazo não superior a cinco semanas, na qual estejam contidas suas recomendações na próxima reunião do Conselho Central Palestino.
Concordamos, igualmente, em formar um comitê nacional unificado para liderar uma resistência popular abrangente, desde que o Comitê Executivo lhe atenda a tudo quanto necessário à sua continuidade.
Honradas saudações e reverência ao nosso povo firme e resiliente na Jerusalém ocupada e nos campos de refugiados em todas as partes, assim como saudamos com todo apreço e respeito as famílias dos mártires, prisioneiros e feridos, aos quais dizemos que a aurora está próxima.
Para concluir, expressamos nossa profunda solidariedade para com o povo irmão libanês em face de sua terrível situação atual, ao qual manifestamos nossos agradecimento e reconhecimento pelo fato de o Líbano ser o anfitrião deste encontro histórico e unificado, de suma importância para o nosso povo palestino.
Glória aos mártires, liberdade aos prisioneiros, restabelecimento aos feridos e resistência até a vitória.
Viva a Palestina livre, árabe e independente!
Fonte: Página da Fepal no Facebook