Mentor da ultra-direita e dos Bolsonaro, Steve Bannon é preso nos EUA
Bannon foi preso após ser indiciado pelo crime de conspiração para cometer fraude numa campanha de arrecadação de fundos para apoiar a construção de um muro entre os Estados Unidos e o México.
Publicado 20/08/2020 14:06 | Editado 20/08/2020 17:25
Steve Bannon, um dos principais mentores do populismo autoritário de direita no mundo, foi preso nesta quinta-feira (20) pelo Departamento de Justiça americano por suspeita de fraude. Bannon é conselheiro do clã Bolsonaro e chegou a se referir no ano passado a Eduardo Bolsonaro, um dos filhos de Jair Bolsonaro, como o líder sul-americano da direita populista.
Um dos primeiros contatos entre os dois foi em novembro de 2018, quando o filho do presidente já eleito foi a um jantar de aniversário de Bannon em Washington e descreveu o aniversariante como uma “pessoa ícone no combate ao marxismo cultural” e desejou a ele “muitas felicidades”.
Na ocasião, Bannon contou à repórter Júlia Zaremba que tinha tido contato informal com a família Bolsonaro durante a campaha de 2018 e que tinha “muito boa impressão de Eduardo e seus assessores”.
Bannon foi preso após ser indiciado pelo crime de conspiração para cometer fraude numa campanha de arrecadação de fundos para apoiar a construção de um muro entre os Estados Unidos e o México, uma das bandeiras de Donald Trump em sua campanha e no começo de seu mandato.
A campanha We Build TheWall (Nós construímos o muro) arrecadou US$ 25 milhões (R$ 142 milhões) recebendo dinheiro de centenas de milhares de americanos. Mas os recursos foram desviados para pagar despesas próprias dos organizadores da campanha de Bannon.
Luxo, fraude bancária e lavagem de dinheiro
A Procuradoria de Nova York acusou Bannon e outras três pessoas – Andrew Badolato, Brian Kolfage e Timothy Shea – de enganarem doadores. De acordo com a acusação, Bannon prometeu que 100% do dinheiro doado seria usado para o projeto, mas os réus usaram coletivamente centenas de milhares de dólares de outra maneira. A acusação alega que eles falsificaram recibos, entre outras formas, para esconder o que realmente estava acontecendo.
De acordo com a acusação, Kolfage ficou com US$ 350 mil dólares para financiar um estilo de vida luxuoso, e Bannon desviou US$ 1 milhão para uma organização sem fins lucrativos que pagou secretamente a Kolfage “e cobriu centenas de milhares de dólares de gastos pessoais de Bannon”.
Os quatro detidos foram acusados de dois crimes: fraude bancária e conspiração para lavagem de dinheiro. Cada delito pode resultar em uma pena máxima de 20 anos de prisão.
Steve Bannon comandava o site conservador Breitbart, cujo conteúdo dissemina informações duvidosas ou até mesmo falsas, e no segundo semestre de 2016 foi escolhido para liderar a reta final da campanha presidencial de Donald Trump, também acusada de promover fake news.
Com informações da Época e UOL (com agências internacionais)