Deputado ironiza e diz que é “fácil” defender Estado mínimo no Brasil
“Tem gente que enche a boca pra defender Estado mínimo num país em que milhões ainda não sentem a presença do Estado”, disse o deputado Márcio Jerry
Publicado 19/08/2020 22:19
Vice-líder do PCdoB, o deputado federal Márcio Jerry (MA) criticou, nesta quarta-feira (19), o avanço do discurso liberal a partir de nomes ligados à direita no Brasil. Para o deputado, com a popularização do liberalismo como corrente política, o debate sobre o papel do poder público na economia e na sociedade vem ganhando força sem que ser discutido sobre as consequências desta vertente.
“Tem gente que enche a boca pra defender o tal do Estado mínimo num país em que milhões ainda não sentem a presença do Estado, ou seja, são privados de direitos básicos que deveriam ser assegurados pelo…Estado”, comentou o parlamentar.
Até o momento, o governo de Jair Messias Bolsonaro (sem partido) é um dos governos brasileiros que mais implementou políticas neoliberais, com apoio direto a privatizações, instituição do fim de políticas assistenciais e sinalizações de abertura comercial para o mercado internacional. Paulo Guedes, atual ministro da Economia, defendeu, diversas vezes e abertamente, que a grande maioria das empresas estatais brasileiras deveriam ser privatizadas.
O modelo, no entanto, desperta críticas. Em um artigo escrito no Le Monde Diplomatique Brasil, ainda em 2019, o doutor em história política pela UFRJ, Raphael Fagundes, destacou a falência do modelo em países vizinhos.
“…O certo é que a tentativa de radicalizar o neoliberalismo nas maiores potências da América do Sul vem se tornando incompetente. Se na Argentina [país que vivia há dois anos uma forte recessão, com índices altos de pobreza (cerca de 35% da população), de desemprego (em torno de 10%) e de inflação (53% em 2019)], esse projeto não deu certo, porque não se forjou um discurso radical e popular contra a esquerda, aqui não está avançando justamente porque o governo tem se dedicado lunática e exclusivamente a intensificar tal discurso”.