Volta às aulas em Manaus sob protestos de professores e baixa adesão

Poucos alunos compareceram, tiveram que se submeter a rotina de cuidados para não promoverem contágio, com professores criticando a situação de risco que a volta às aulas representa.

Para maioria dos brasileiros, não deve haver retorno às aulas presenciais — Foto: Divulgação/Secom

Após 146 dias com as aulas suspensas por conta da pandemia de Covid-19, o Amazonas foi o primeiro Estado do País a retomar as aulas na rede pública. A disseminação do novo coronavírus já infectou mais de 106 mil pessoas em todo o Estado, tendo exibido para todo o país imagens de colapso nos hospitais e cemitérios de Manaus. Desde junho, o estado tem apresentado queda nos números da Covid-19 e flexibilizando a quarentena, com reabertura do comércio e espaços de lazer.

Nesta segunda-feira (10), 123 escolas da rede estadual de ensino retomaram as aulas presenciais em Manaus e devem receber cerca de 55 mil estudantes, pois outros 55 mil alunos devem retornar no dia seguinte, devido ao limite de 50% de capacidade determinada para as salas. Assim, os alunos continuarão com parte do tempo em ensino remoto.

Este ‘primeiro dia’ de retorno nas escolas teve baixa adesão dos estudantes, novos hábitos para enfrentar e protesto de professores contra o retorno. O procedimento de entrada nas escolas deveria incluir aferição de temperatura, higienização dos sapatos em um tapete sanitizante, e das mãos junto ao totem de álcool em gel, entre outras. No interior das unidades, os estudantes passaram a usar as carteiras sinalizadas, com distância de 1,5 metro umas das outras. O protocolo de distanciamento é obrigatório em todas as dependências da escola, inclusive banheiros. As escolas passaram por adequações, como a instalação de pias e dispositivos de álcool gel/sabonete e a sinalização dos ambientes comuns da unidade.

Alunos têm que higienizar mãos e passar por aferição de temperatura antes de entrar nas escolas. — Foto: Divulgação/Secom

Iniciando o dia, um grupo de professores fixou cruzes em um ato de protesto contra o retorno das aulas presenciais. O ato aconteceu na rotatória do Produtor, na Avenida Autaz Mirim, Zona Leste de Manaus. Dezenas de cruzes foram colocadas no gramado da rotatória, com uma placa com a frase “Escola fechada, vidas preservadas”.

A baixa adesão dos alunos foi visível com salas ocupadas por menos de dez alunos. Muitas famílias se sentiram inseguras de permitir o retorno dos filhos, utilizando transporte público, muitas vezes. Também era visível o contato entre os adolescentes, apesar das recomendações de manter distância.

Os professores reclamam da falta de manutenção no ar condicionado das salas, assim como da higienização de outros ambientes que sempre foi negligenciado. A Secretaria de Educação diz que cada professor vai receber duas máscaras por turno, os ar-condicionados serão limpos todos os dias.

Um aplicativo irá notificar o órgão quando um aluno ou professor tentar entrar na escola com temperatura acima do permitido, que terá os contatos rastreados. Será oferecido teste molecular (RT-PCR), que identifica o vírus no organismo.

O retorno das aulas no interior do Amazonas segue sem previsão. As escolas particulares de Manaus foram as primeiras do País a reabrirem as portas e estão com as aulas presenciais desde o dia 6 de julho.

Na semana passada, professores realizaram manifestações contra a volta às aulas e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam) também acionou a Justiça para barrar a volta. A entidade protocolou uma Ação Civil Pública pedindo a suspensão do plano de retomada, e defendendo a manutenção das teleaulas.

No entanto, na sexta-feira (7), a Justiça indeferiu o pedido e manteve o retorno dos estudantes. Na decisão, a juíza Etelvina Lobo Braga afirmou que, ao contrário do que o sindicato alegou, o Estado apresentou comprovação de que vem atuando para proporcionar segurança aos professores, alunos e demais trabalhadores.

Estudantes da rede estadual de ensino do Amazonas voltaram às aulas nesta segunda (10). — Foto: Divulgação/Secom

Com informações do G1

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