Líderes de Irã e Iraque se encontram e indicam união contra EUA
O líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei, alertou que os EUA sofrerão mais retaliações pelo ataque de drones em janeiro contra o comandante iraniano Qassem Soleimani, dizendo ao primeiro-ministro do Iraque que Teerã resistirá à intromissão norte-americana na região.
Publicado 23/07/2020 21:16
Khamenei se encontrou com o premiê iraquiano Mustafa al-Kadhimi em Teerã na terça-feira (21), a primeira viagem dele ao exterior desde que assumiu o cargo em maio. Durante as negociações, o aiatolá enfatizou que a presença estadunidense no Iraque é uma “fonte de corrupção e destruição contínua”, citando o assassinato de Soleimani no início deste ano em Bagdá como um exemplo.
“Eles mataram seu hóspede em sua casa e confessaram explicitamente o crime“, declarou Khamenei, acrescentando que “os EUA e seus agentes estão sempre procurando um vácuo de poder na região para criar o caos e abrir o caminho para sua intervenção“.
“A República Islâmica do Irã nunca esquecerá isso e definitivamente dará um golpe nos americanos“, acrescentou.
O assassinato de Soleimani disparou tensões entre Washington e Teerã, desencadeando um ataque com mísseis iranianos em retaliação e uma erupção de retórica bélica entre os dois lados. O ataque também irritou Bagdá, já que um importante comandante da milícia iraquiana também foi morto na explosão.
Os legisladores iraquianos votaram pela expulsão das forças americanas do país, considerando a operação de assassinato uma clara violação de sua soberania. Embora essa medida nunca tenha tomado forma e esteja parada desde então, Khamenei incentivou al-Kadhimi – que não estava no cargo no momento do ataque em janeiro – a renovar o impulso durante as negociações de terça-feira (21).
Unidos contra ‘pressão máxima’
O aiatolá também enfatizou a necessidade de expandir as relações Irã-Iraque “em todas as áreas”, dizendo que “razão, religião e experiência” exigiam isso, mas alertou sobre as forças estrangeiras que podem tentar atrapalhar os laços melhores.
“É claro que a expansão das relações Irã-Iraque tem oponentes, liderados pelos Estados Unidos”, afirmou ele, argumentando que Washington não queria ver um “Iraque forte e independente”, mas complementou que “não devemos ter medo”.
Após a conversa com Khamenei, o primeiro-ministro iraquiano apareceu em uma entrevista coletiva ao lado do presidente iraniano Hassan Rouhani, ecoando os apelos do aiatolá por melhores relações e insistindo que ele não “permitiria que nenhuma agressão ou desafio ao Irã” fosse lançado do território iraquiano.
Os esforços para fortalecer os laços dos dois países seguem uma história muito menos amigável, que viu o Irã e o Iraque travarem uma guerra sangrenta entre 1980 e 1988, na qual Bagdá tentou invadir o Irã com o apoio dos EUA logo após a Revolução Iraniana que derrubou a monarquia do país.
A reunião de alto nível ocorreu enquanto Washington continua sua campanha de sanções de “pressão máxima” ao Irã, procurando secar completamente as exportações de petróleo do país e privar o Estado de uma fonte vital de receita. Os EUA também pressionaram para estender um embargo de armas a Teerã nas últimas semanas, uma medida que o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que desmantelaria efetivamente o acordo nuclear de 2015 assinado entre o Irã e outras potências mundiais.
No caso de os EUA não convencerem o Conselho de Segurança da ONU a renovar a proibição de armas, prevista para expirar neste semestre, Washington prometeu invocar uma medida do acordo de 2015 para reimpor todas as sanções da ONU ao Irã, o que é contraditório com o fato de que os próprios EUA revogaram unilateralmente o acordo em 2018.
Fonte: Sputink News