FMI prevê tombo de 9,1% da economia brasileira em 2020
Em relatório, instituição diz que retomada econômica é incerta em todo o mundo, devido à falta de solução médica para a crise de saúde. Defende, ainda, auxílio financeiro para população e empresas afetadas.
Publicado 24/06/2020 13:53 | Editado 24/06/2020 17:44
Em relatório divulgado nesta quarta-feira (24) o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta queda de 9,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. A previsão anterior do FMI era retração de 5,3% para o Brasil. O organismo internacional prevê ainda retração de 4,9% da economia global este ano. As projeções levam em conta a pandemia do novo coronavírus.
O PIB, termômetro da atividade econômica, é a soma dos bens e riquezas produzidos pelo país em determinado período. No relatório, o FMI ressalta que a crise sanitária segue sem solução e, por isso, há muitas incertezas com relação à recuperação da economia.
“Mais de 75% dos países estão reabrindo agora, ao mesmo tempo que a pandemia está se intensificando em muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Vários países começaram a se recuperar. No entanto, na ausência de uma solução médica, a força da recuperação é altamente incerta, e o impacto sobre setores e países, desigual”, avalia a instituição.
Gita Gopinath, economista-chefe do FMI, justificou a nova previsão. Segundo ela, o aumento dos casos de Covid-19, as dificuldades em conter a pandemia e a queda maior que a esperada na economia mundial estão por trás da revisão da estimativa.
“O aumento dos casos de coronavírus é, de fato, um dos fatores que fizeram o FMI reduzir as projeções em muitos países. Como outros emergentes, o Brasil tem muitos desafios”, afirmou Gita. Já Gian Maria Milesi-Ferretti, vice-diretor do Departamento de Pesquisa do FMI, acrescentou que a queda da economia global também terá impacto sobre a atividade econômica brasileira.
Para Gita, as previsões têm um alto grau de incerteza. Há risco – diz ela – de uma segunda onda de Covid-19 no mundo, como já mostram os aumentos de casos em vários países que já tinham iniciado a reabertura da economia. “Para as economias que ainda lutam para controlar as taxas de infecção, a necessidade de continuar com os bloqueios e o distanciamento social terá um custo adicional para as atividades”, afirma o documento.
Com relação à economia global, a previsão para 2020 passou de -3% a -4,9% devido aos efeitos do novo coronavírus. Conforme o FMI, a pandemia teve um impacto negativo pior no primeiro semestre do que o antecipado anteriormente, nas projeções divulgadas em abril. A recuperação deve ser ainda mais lenta e gradual do que o esperada.
Para 2021, a expectativa é de expansão global de 5,4%. E abril, a perspectiva era de crescimento de 5,8%. “O impacto adverso nas famílias de baixa renda é particularmente agudo, comprometendo o progresso significativo alcançado na redução da pobreza extrema no mundo desde os anos 90”, diz o fundo. Para os EUA, a expectativa é de contração de 8% neste ano, mas de expansão de 4,5% no próximo ano. Em abril, o FMI previa uma retração de 5,9% neste ano e um crescimento de 4,7% em 2021. Já a China deve ter crescimento de apenas 1% em 2020 e de 8,2% em 2021. Os países da zona do euro deverão ter retração de 10,2% neste ano e crescimento de 6% em 2021. A previsão anterior, era de recuo de 7,5% em 2020 e alta de 4,7% em 2021
Medidas
Segundo o FMI, os formuladores de políticas públicas devem continuar “vigilantes” e a adaptar as políticas conforme a evolução da situação. A entidade recomenda, ainda, políticas monetárias e sociais para enfrentamento dos efeitos da pandemia.
“Em países onde as atividades estão grandemente restritas pela crise de saúde, as pessoas diretamente afetadas devem receber suporte de renda por meio de seguro-desemprego, subsídios salariais e transferências monetárias, e as empresas afetadas devem ser apoiadas via adiamento de impostos, empréstimos, garantias de crédito e subvenções”, afirma o documento.
De acordo com o FMI, a crise é uma “oportunidade” para acelerar a busca por “um crescimento mais produtivo, sustentável e equitativo” por meio do investimento em novas tecnologias verdes e digitais e de redes de apoio social mais amplas.
Com informações do FMI e do Valor Econômico
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