A tragédia anunciada da pandemia
No enfrentamento a pandemia vai ficando cada vez mais nítido que a luta em defesa da vida aglutina muitas forças da sociedade.
Publicado 23/06/2020 20:36
O fim do isolamento social rigoroso, também chamado de lockdown, é uma tragédia, se considerarmos que ultrapassamos um milhão de infectados pelo novo coronavírus e mais de cinquenta mil mortes. É trágico, se considerarmos que ele fragiliza o distanciamento social que é um recurso para impedir o aumento do número de infectados no país. Deixar o poder público definir sozinho a retormada da atividade economica sem dialogar com a sociedade, sem a construção de um protocolo com participação ampla da sociedade e que considere algumas medidas sanitárias imprescindíveis à preservação da vida, é temeroso. Nesse contexto, é importante reafirmar o lockdown como única alternativa reconhecida pela experiência internacional para reduzir propagação da doença e diminuir a demanda pelos equipamento hospitalares tão escassos.
O fato de acabar com o lockdown em pleno pico da pandemia é um grosseiro erro, é ceder as pressões do capital. Mais que nunca é urgente manter o confinamento social como única forma de combater a pandemia em curva crescente. A medida pe ainda mais necessária se considerarmos que a capacidade instalada da rede de saúde é insuficiente para atender o aumento de pacientes vítimas da Covid-19. Fica ainda mais nítida a necessidade de um protocolo nacional sobre a flexibilização e a retomada da atividade econômica que considere as medidas sanitárias necessárias à saúde da população nessa nova fase das relações humanas em plena pandemia.
Na etapa atual de enfrentamento da pandemia é necessario trabalhar melhor a mudança comportamental que observamos na sociedade nos últimos noventa dias, que potencializada poderá salvar vidas. É o momento de intensificar a luta pela revogação da EC-95, que criou o teto de gastos públicos, como forma de garantir mais recursos ao SUS durante e pós pandemia.
Considerando que a vida não será mais a mesma pós pandemia da Covid-19, precisamos ajudar de forma pedagógica no grande debate sobre propostas que ajudem a construir caminhos que assegurem a saúde e a vida. Precisa prevalecer o direito à vida, que deve estar acima dos interesses do capital na retomada das atividades econômicas. Diante deste quadro, é importantíssimo que as experiências de enfrentamento da pandemia sejam compartilhadas entre as comunidades e entre os governos municipais e estaduais para que superemos esse momento difícil vivido pelo povo brasileiro.
No enfrentamento a pandemia vai ficando cada vez mais nítido que a luta em defesa da vida aglutina muitas forças da sociedade. Nesse momento precisamos reafirmar que a dignidade humana é um imperativo ético, que se torna ainda mais evidente em momentos de extrema fragilidade. Talvez seja nesses momentos que temos a oportunidade de rever princípios e valores que precisam ser realçados no caminho para romper a lógica que vem caracterizado a sociedade brasileira como uma das mais desiguais do mundo. A opção pela vida no enfrentamento a crise sanitária é uma postura humanitária e avançada de conteúdo civilizatório.
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