Disparidades da pandemia
A catástrofe que assola nosso país tem como principal responsável aquele que deveria ser o líder do combate a pandemia,
Publicado 17/06/2020 17:58
Os números de infectados e mortos pelo Covid-19 nos diversos países do mundo apresentam enorme disparidade. Países populosos como o Vietnam (95 milhões), Uganda (42 milhões), Cambodja (17 milhões), embora tenham infectados, não registram mortes.
Na América Latina países como a Venezuela (30 milhões de habitantes e sob forte bloqueio econômico), registra apenas 24 mortes, outros com economia frágil, como Paraguai e Costa Rica, registram 11 e 12 mortes, respectivamente.
Por outro lado, existe um contraste muito grande em países como o Reino Unido (41 mil mortos), Itália (34 mil), Espanha (27 mil) e principalmente os EUA com 117 mil mortes e o Brasil com 43 mil.
A forma como a pandemia foi tratada em cada país explica essa disparidade.
No Vietnam a experiência de outras pandemias, testagem em massa, controle, isolamento social e tratamento de infectados evitou as mortes. Nos outros países com baixa letalidade adotou-se política semelhante. Já nos países onde o número de infectados e mortes disparou, as causas foram subestimação, negligencia, atraso, ou problemas mais graves por parte do governo central.
No Brasil, causas graves estão potencializando o número de infectados e mortes. Desde o início, o presidente da República desdenhou sobre a pandemia, ora dizendo que não atingiria os brasileiros por estarem imunes já que são “acostumados a pular nos esgotos”, depois afirmando que se tratava de uma “gripezinha”, e outras elocubrações.
Além de não preparar hospitais, UTIs, adquirir equipamentos, contratar profissionais de saúde, demitiu dois ministros durante a pandemia, por não concordarem com suas orientações sem base cientifica, como o uso de cloroquina, e principalmente por recomendarem o isolamento social e a quarentena ao invés de priorizar a economia como sempre defendeu Bolsonaro, citando inclusive o exemplo da Suécia, hoje o pais com maior índice de mortes pelo covid-19 no mundo.
Pior ainda foram os inúmeros atos convocados e com participação do próprio presidente contra o isolamento social, “em prol da economia”, além de ataques e críticas aos governadores e prefeitos que discordavam de suas práticas insanas.
A ação mais grave do governo federal, liderado pelo ministro da Economia Paulo Guedes com total apoio do presidente, foi o atraso no auxílio emergencial para os desempregados, autônomos e outros desassistidos, e até hoje a não liberação de empréstimos às pequena e médias empresas, embora com recursos já aprovados e disponibilizados pelo Congresso Nacional.
Esse não apoio às pequenas e médias empresas que empregam a maioria dos brasileiros levou comerciantes e empresários desesperados, com medo da inviabilidade de seus negócios e até de sobrevivência, equivocadamente, ao invés de pressionar o governo para liberação dos empréstimos, partirem para carreatas e todo tipo de pressão pela volta de suas atividades, mesmo em plena ascensão da pandemia.
O retorno às atividades empresariais e do comercio passou para a população que a pandemia estava se exaurindo e já não era mais importante a quarentena. A lotação dos transportes coletivos, a aglomeração em cidades todo o pais, levou o Brasil a apresentar tristes recordes no mundo com mais de 1.000 mortes diárias.
Essa catástrofe que assola nosso país tem como principal responsável aquele que deveria ser o líder do combate a pandemia, o principal zelador pela vida dos brasileiros. Infelizmente é o nosso principal algoz, não apenas da vida, mas também da morte da democracia tão duramente conquistada.
Urge a formação de uma frente, a mais ampla possível, para pôr fim a esse governo inconsequente, desumano, cruel, incompetente, entreguista e claramente fascista.