Manifestações defendem democracia e repudiam Bolsonaro
Em diversas cidades, manifestações neste domingo (7) defenderam a democracia e a vida, e repudiaram o governo Bolsonaro. Os atos, convocados por movimentos socias, setores torcidas organizadas de futebol, foram desaguadouros das insatisfações contra o governo e suas ações criminosas e autoritárias. Foram movimentos pacíficos, apesar de ter havido detenções em Belém, no Rio de Janeiro e Fortaleza.
Publicado 07/06/2020 19:32 | Editado 07/06/2020 19:37
Em Brasília, os manifestantes caminharam na Esplanadas dos Ministérios com as palavras de ordem “Todos pela democracia”, “Contra o racismo e o fascismo” e “O terrorismo é a política de extermínio do governo”, diziam alguns dos cartazes exibidos. Muitas marcharam vestidas de preto e protegidas por máscaras. Foi a primeira manifestação contra Bolsonaro em Brasília desde o início da pandemia.
Um grupo menor, a favor de Bolsonaro, também se concentrou nas imediações do Palácio do Planalto, sede do governo federal. Um cordão policial foi destacado para separar os dois protestos. O ministro do gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, aproximou-se para cumprimentar as tropas.
Em São Paulo, manifestantes organizados por movimentos sociais e torcidas de futebol “pela democracia” marcaram no Largo da Batata, na Zona Oeste da cidade. Segundo o portal G1, quando caminhavam pela rua dos Pinheiros, um pequeno grupo de manifestantes mascarados quebrou a vidraça de uma agência bancária, mas logo foram repelidos pelos membros do movimento negro, que gritavam para que eles parecem de depredar o espaço e não desvirtuar a o objetivo pacífico da manifestação. Houve um princípio de tumulto que a PM tentou intervir, mas logo foi controlado por algumas lideranças pacíficas.
Depois do ato, a Tropa de Choque atuou com violência contra um grupo que planejava seguir até a Avenida Paulista. Houve ações de agressão, como relatou o portal UOL, cuja reportagem, presenciou policiais dando tapas na nuca de pessoas que passavam por um bloqueio da Polícia Militar.
No Rio de Janeiro os manifestantes caminharam do monumento de Zumbi dos Palmares e se encontraram com mais pessoas no trajeto até a Candelária, onde o ato ocorreu. A maioria dos manifestantes usava máscaras para evitar o contágio pelo novo coronavírus. Entre eles havia membros de torcidas de futebol antifascistas e pessoas com cartazes lembrando casos de violência policial.
Não houve casos de infiltrações de agentes provocadores, mas a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que conduziu 40 pessoas para delegacias na zonas Norte e Sul da cidade. De acordo com policiais, manifestantes nos protestos contra o racismo jogaram pedras contra os PMs. Em vídeos na internet, os integrantes dos atos negam qualquer ataque. Em outra região do Centro, próximo ao monumento em homenagem a Zumbi dos Palmares, os PMs prenderam cinco homens. Com eles, segundo os policiais, havia 46 frascos de álcool em gel e 97 frascos de soro fisiológico.
Em Copacabana, em ato a favor do presidente Jair Bolsonaro, policiais do 19º BPM (Copacabana) prenderam quatro homens na Avenida Atlântica. Segundo a PM, com eles, havia três facas, cinco bastões de madeira e fogos de artifício. Em outro ponto do bairro, um outro homem foi detido. Ao chegar na delegacia, a polícia descobriu que ele já foi preso por homicídio. De acordo com policiais, com o homem, a polícia informa ter encontrado um martelo, uma faca, uma barra de ferro e uma tesoura.
Em Porto Alegre, a manifestação ocorreu Esquina Democrática, no Centro Histórico da cidade. O grupo pintava faixas e preparava cartazes quando foram alvo de ovos, jogados da janela de um apartamento na Avenida Borges de Medeiros. Os manifestantes responderam com palavras de ordem e seguiram em caminhada pela Rua Riachuelo. No caminho, recebiam o apoio de pessoas nas sacadas dos prédios. Na esquina da Riachuelo com a João Manuel, a marcha se encontrou com outra caminhada, promovida pelo movimento Juntos e que organizava um ato antirrascismo, a poucas quadras dali.
Em Curitiba, a manifestação caminhou por ruas do entorno da Santos Andrade até a Avenida Cândido de Abreu, rumo ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. Várias equipes de policiais – em motos e viaturas – e um helicóptero da Polícia Militar (PM) acompanham a movimentação. Para evitar qualquer ato de vandalismo e violência, como aconteceu na manifestação da última segunda-feira (1º), toda a Praça Santos Andrade foi cercada com viaturas da PM.
Em Recife, houve panelaços contra Bolsonaro e a favor da democracia. Em Salvador, um grupo de manifestantes se reuniu em frente ao Shopping da Bahia. Segundo os organizadores do movimento, o ato ocorreu contra o racismo e o fascismo no país e também contra o presidente Jair Bolsonaro. A manifestação também teve a participação do grupo de torcidas antifascistas de times de futebol da capital baiana.
O domingo (7) foi de manifestações pró e contra Bolsonaro no País. No Recife, panelaço contra Bolsonaro e a favor da democracia foram registrados em bairros da Zona Nortehttps://t.co/QMqLYB7Yex pic.twitter.com/mDWEOkyhzz
— Jornal do Commercio (@jc_pe) June 7, 2020
Em Fortaleza,12 manifestantes foram presos, segundo informações da Defensoria Pública do Ceará, que foi à delegacia prestar assistência. Dezenas de manifestantes se concentraram em ruas do entorno da Praça Portugal, em Fortaleza. Por volta das 16h30min, foi registrada tensão entre polícia e integrantes do ato.
O conflito ocorreu após parte dos manifestantes conseguir furar o bloqueio da PM e avançar em direção à Praça Portugal. Após avançarem algumas quadras depois da barreira, no entanto, o grupo acabou cercado pelos policiais.
Em Belém, policiais militares detiveram dezenas de pessoas que participavam da manifestação, alegando desrespeito ao decreto municipal de distanciamento social. Nas redes sociais, participantes do ato, que começou por volta das 9h no Mercado de São Brás, diziam que cerca de 30 pessoas foram detidas, mas a Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social informou que 112 pessoas foram presas.
Foram manifestações com objetivos bem definidos, a defesa da vida e da democracia, mas desaconselhadas pela quase totalidade dos partidos de oposição devido à pandemia do coronavírus.