Renato Rabelo e José Dirceu apresentam saídas para a crise no Brasil
Live promovida pela CTB reuniu o presidente da Fundação Maurício Grabois e o ex-ministro da Casa Civil
Publicado 19/05/2020 15:16 | Editado 19/05/2020 15:38
Um live promovida pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) reuniu, na manhã desta terça-feira (19), o presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo (PCdoB), e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT). O encontro debateu propostas para a crise política, econômica, social e sanitária que abate o Brasil, em meio à pandemia do novo coronavírus e a crescente degradação do governo Jair Bolsonaro.
Para Renato Rabelo, é necessário um plano econômico emergencial para enfrentar a crise, com base na ativa liderança do Estado. Esse plano deve ser um firme contraponto à política ultraliberal de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro, bem como à lógica da austeridade fiscal em curso desde o golpe de 2016, radicalizada pelo atual governo.
Renato defendeu também a emissão de dinheiro. “Só com o Estado assumindo gastos e investimentos públicos em larga escala poderemos abrir caminho a uma saída positiva para a crise, à recuperação da economia”, afirmou. Segundo ele, a retomada econômica deve apontar na direção da “reconstrução do Brasil para um novo projeto nacional de desenvolvimento, orientado no sentido da reindustrialização do País e realização de reformas estruturais progressistas”.
Uma das propostas, conforme Renato, é reforma tributária democrática e progressiva, focada no combate às desigualdades sociais e no aumento da taxação sobre as grandes fortunas. “Quem tem muito deve pagar muito, quem tem pouco deve pagar pouco. É preciso elevar os impostos para quem tem e reduzir impostos para os mais pobres.”
Renato defendeu a formação de uma ampla frente democrática em oposição ao governo neofascista. “Se conseguirmos derrotar Bolsonaro, abrimos outra fase. Mas precisamos fazer alianças inclusive com os setores liberais, que defendem a democracia e também medidas econômicas emergenciais, como a impressão de moeda”, declarou. “Sem a forte participação do Estado, não temos saída para a crise.”
Já José Dirceu afirmou que a única alternativa “racional” para a crise está sintetizada na palavra-de-ordem “Fora Bolsonaro” – objeto de uma campanha nacional lançada na segunda-feira (18) pela CTB e por outras dez centrais sindicais. O líder petista chamou a atenção para a crescente militarização do governo, destacando que as Forças Armadas não se subordinam ao poder civil.
“O governo é militar”, observou. “Toda a história brasileira é marcada pela intervenção militar. E a tutela que presenciamos hoje paralisa a oposição liberal de direita”. Dirceu opinou que a tarefa principal das forças democráticas e progressistas no Brasil hoje é defender a democracia, o que requer ampla unidade.
Em tom autocrítico, o ex-deputado disse que as forças de esquerda que estiveram à frente do poder Executivo nos governos Lula e Dilma descuidaram da organização popular. “Não fizemos a politização e a organização necessária do povo”, reconheceu, advogando um maior trabalho das militâncias nos bairros com o objetivo de conscientizar e organizar o povo.
Dirceu disse que a saída para a crise passa pelo Fora Bolsonaro. “Não temos alternativa, Bolsonaro está levando o país para uma tragédia”, argumentou. A seu ver, é preciso “criar as condições sociais e políticas para concretizar isto”.
Com informações do Portal CTB