Governo dos EUA teme investigar a origem do novo coronavírus

Acreditamos que Beijing estará aberta para quaisquer investigações cientificas sobre a origem do coronavírus, enquanto os EUA terão sérios problemas com uma investigação semelhante.

A 73ª Conferência da Assembleia Mundial da Saúde, cujo início se deu nesta segunda-feira (18), vai discutir a proposta dos Estados Unidos de investigar a origem do novo coronavírus. A imprensa mundial informa que ao menos 62 países, incluindo os norte-americanos, apoiaram essa ideia. Acreditamos que Beijing estará aberta para quaisquer investigações cientificas, enquanto Washington terá sérios problemas se passar por um tipo de investigação semelhante.

Independentemente de sua origem, o vírus tem sido uma grande ameaça à humanidade. A China defendeu a ideia de que o vírus é um inimigo comum e que a comunidade internacional deveria dar suas mãos contra ele. Esse é um consenso dividido pela vasta maioria dos países.

A China nunca politizou o vírus. Se o vírus apareceu primeiramente em Wuhan ou em qualquer cidade dos EUA, ou qualquer outro lugar, a atitude do povo chinês será a mesma – e outros países não deveriam pensar em ter outro tipo de responsabilidade diante da pandemia.

No entanto, os EUA agem na direção oposta. Eles vêm se esforçando em termos políticos e legais para responsabilizar a China pela pandemia da Covid-19. Isso é fora de propósito. Mas Washington está tentando tirar o corpo fora em relação à sua responsabilidade, inaptidão e inabilidade.

Para fazer essa postura ‘nonsense’ parecer racional, os EUA desejam uma conclusão que clama Wuhan como a origem, propagando que o vírus vazou de um laboratório de Wuhan. Contudo, o que Washington recentemente descobriu vai contra seu desejo. Novas descobertas alteraram potencialmente a linha do tempo do surto do coronavírus nos EUA, com um largo número de casos da Covid-19 classificados erroneamente como Influenza no último inverno. O que acontecerá se a investigação descobrir que os EUA são a origem do coronavírus? Isso destruiria a narrativa da administração Trump e sua estratégia de reeleição.

A China está sem qualquer perturbação por dois motivos. Primeiro, há incerteza científica sobre a origem do coronavírus. A cidade de Wuhan, onde o surto foi inicialmente reportado, não é necessariamente o lugar no qual o vírus se originou. Segundo, mesmo que eventualmente cientistas concluam que o vírus surgiu primeiro na China, a postura do país não será influenciada, mas permanecerá aberta e equilibrada.  

A China dá as boas vindas a qualquer investigação científica e imparcial que seja conduzida pela Organização Mundial da Saúde. A discussão proposta pelos EUA na OMS sobre a origem do vírus precisa de uma investigação realmente científica e séria, que não sirva ao anseio político dos EUA de presumir a China como culpada. Todos os elementos no mundo a respeito da origem do novo coronavírus deveriam ser incluídos no escopo da investigação, especialmente aqueles nos EUA.

Na condição de país com o mais alto número de infectados e mortes, o papel dos EUA na origem e disseminação do coronavírus tornou-se uma grande preocupação.

A província de Hubei, no pico da epidemia, teve pouco mais de mil casos confirmado, enquanto no estado de Nova York, com uma população muito menor, chegou a ter mais de 10 mil casos num dia, ao mesmo tempo em que outras partes do mundo também viram altos números.  

A China está particularmente alerta à Covid-19 devido à memória do que ocorreu com a SARS em 2003. É uma questão crucial se o coronavírus se espalhou silenciosamente em países como os EUA, e também se a Covid-19 foi identificada erroneamente como Influenza nos primeiros dias.

Esperamos que a Assembleia da OMS, que prioriza o bem-estar internacional em termos de Saúde Pública, não seja sequestrada pelo enredo político de algumas forças. Também esperamos ver mais países se posicionando contrariamente a essa iniciativa.

É do interesse da comunidade humana nos mantermos focados na luta contra a pandemia, que está longe de terminar.

Editorial do Global Times de 18 de maio de 2020. Tradução e edição: Fernando Damasceno

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