Barão, 10 anos: “Se Bolsonaro é pandemia, o Barão é pandemônio”

Entidade foi fundada em São Paulo, em 2010

Com uma debochada “Nota de repúdio”, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé completa dez anos nesta semana. A entidade presidida pelo jornalista Altamiro Borges, o Miro, foi fundado em maio de 2010, em São Paulo, com o objetivo de contribuir “na luta pela democratização dos meios de comunicação e pelo fortalecimento da mídia alternativa”.

Conforme seu manifesto, era tarefa do Barão “ajudar na construção de uma militância social, permanente e aguerrida, nesta frente estratégica da batalha de ideias”. Na primeira década de vida, o Barão de Itararé foi longe, sem se curvar. E cumpriu à altura seus objetivos. O desafio, hoje, é enfrentar o governo autoritário e ultraliberal de Jair Bolsonaro.

“Outros dez anos virão! Vinte, ou trinta! E nosso repúdio se multiplicará em notas”, afirma a Nota de Repúdio: #10AnosDeBarão!. “Se Bolsonaro é pandemia, o Barão é pandemônio.”

Confira.

Nota de Repúdio: #10AnosDeBarão!

Manifestamos nosso mais veemente repúdio contra essa entidade que, traiçoeiramente, completa hoje 10 anos. Contrariando seu nobilíssimo nome de baptismo, o Centro de Estudos desprezou barões da mídia e fartou-se em reuniões com blogueiros sujos e ativistas digitais. Uma década perdida, vejam só, sem jamais ter beijado as mãos da família Marinho ou dos Frias e Mesquitas.

O Centro de Estudos Barão de Itararé jamais recebeu em sua sede representantes do jornalismo da família brasileira – desprezou olimpicamente alexandres, augustos, mervais e outros que tais, preferindo abrir suas portas para subversivos debates sobre democratização da Mídia.

Uma nota apenas não basta para tanto repúdio!

A sede da entidade esteve sempre aberta para personagens como Paulo Henrique Amorim e Audálio Dantas – que já não estão por aqui, mas seguem a inspirar com sua história e suas palavras os rebeldes que insistem em resistir…

Sim, essa é uma entidade com nome de Barão e vocação subversiva. Esse é um centro de estudos sobre mídia, mas que sediou assustadores debates sobre Política, Economia, Relações Internacionais, Cultura, Feminismo, Combate ao Racismo.

Desde 2010, por lá passaram Amorins, Dinos, Dirceus, Lulas, Boulos, Haddads e Stédiles… Dilmas, Manuelas, Jandiras e Erundinas… até Chomskys e Mujicas! Por lá passou o professor Marco Aurélio Garcia, algumas semanas antes de partir. Mas vejam só a afronta: o ministro das Relações Exteriores do capetão jamais foi convidado a depositar suas patas no já histórico auditório da rua Rêgo Freitas, que leva o nome do saudoso e subversivo Vito Giannotti.

Será preciso que os homens de bens lancem notas de repúdio pelos próximos dez anos, para impedir que isso prossiga.

Lamentavelmente, o Barão abriu as portas até para a ralé das torcidas de futebol e para o povo dos coletivos da periferia paulista. Debates, rebeldia, brasilidade… Um coquetel nefando.

Sem respeitar limites, ardilosamente, o Barão ainda espalhou núcleos Brasil afora. E organizou encontros nacionais de blogueiros e ativistas digitais. Promoveu cursos, fez parcerias com sindicatos e associações que o verdadeiro baronato gostaria de ver extintos.

Por isso, nosso repúdio é absoluto.

Chega desse povo que grita basta!

Chega de basta! Basta de chega!

Outros dez anos virão! Vinte, ou trinta! E nosso repúdio se multiplicará em notas.

Se Bolsonaro é pandemia, o Barão é pandemônio.

São Paulo, 14 de maio de 2020

(a) Aparício Torelly et caterva

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