“Bolsonaro é um coronalouco”, afirma Nicolás Maduro
“Sua irresponsabilidade vai levar milhares de brasileiros a se contagiar, talvez levando muitos de seus compatriotas à morte”, afirma o líder venezuelano.
Publicado 19/04/2020 23:58
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou neste domingo (19), durante entrevista à Rádio 750 AM, de Buenos Aires (Argentina), que Jair Bolsonaro é um “coronalouco”, por seu comportamento durante a pandemia do coronavírus. “Sua irresponsabilidade vai levar milhares de brasileiros a se contagiar, talvez levando muitos de seus compatriotas à morte”.
Maduro também fez duras críticas ao presidente da Colômbia, Ivan Duque, por este ter evitado ajuda externa durante a pandemia. “Você pode me perguntar se eu aceitaria ajuda de Duque neste momento. Pois eu lhe digo que aceitaríamos até do diabo, se fosse em benefício da saúde do nosso povo”, afirmou o líder venezuelano.
Estado de alerta
Durante a entrevista, Maduro afirmou que seu país está em alerta devido às recentes ameaças feitas pelo governo dos Estados Unidos. Donald Trump se move entre o ódio pessoal e seu desejo de reeleição. Ele crê que por essa via conseguirá mais votos, mas para nós são ameaças reais para as quais estamos prontos para nos defender”.
Nas últimas semanas, enquanto os EUA veem as mortes por Covid-19 se multiplicarem, Trump decidiu oferecer uma recompensa de US$ 15 milhões pela prisão de Maduro. “As ameaças tomaram um caráter pessoal, fruto de um desejo de vingança, como se fosse um caubói do Velho Oeste. Não me recordo de algo assim ter ocorrido antes”, afirmou Maduro.
O presidente venezuelano analisou também o papel negativo desempenhado pela mídia de seu país no período anterior à pandemia. “Em fevereiro, os meios de comunicação diziam todos os dias que a pandemia teria seu epicentro na Venezuela. Diziam isso todos os dias como pretexto para uma intervenção humanitária”.
Eleições locais e integração regional
O ano de 2020 terá eleições na Venezuela. Serão eleitos os novos membros da Assembleia Legislativa. A princípio, o pleito está marcado para 6 de dezembro. Se o processo ocorresse hoje, Maduro afirmou que precisaria ser adiado devido à pandemia. “Hoje seria uma irresponsabilidade de minha parte dizer que precisam ocorrer eleições de qualquer forma”, disse. Até este domingo, o governo havia contabilizado um total de 228 infectadas com o coronavírus e somente nove mortos.
O líder venezuelano também defendeu a necessidade de retomar os diálogos sobre integração latino-americana, por meio do resgate de iniciativas como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Para tanto, citou o ex-presidente Lula: “Ele disse uma vez ninguém poderia se desenvolver sozinho na nossa região, nem mesmo o Brasil que é um gigante”. “As forças revolucionárias precisam voltar a discutir um caminho conjunto. Kirchner, Fidel, Lula e Chávez já nos mostraram o caminho. Temos uma experiência, um legado e precisamos resgatar essa doutrina”, defendeu.
Tradução e edição: Fernando Damasceno