Nobel de Economia: não adianta forçar volta ao trabalho sem segurança
Paul Romer afirmou que se o governo quer salvar vidas e retomar a economia, o caminho é aumentar os testes para coronavírus e produzir equipamentos de proteção.
Publicado 15/04/2020 15:06 | Editado 15/04/2020 17:03
Os governo não devem enviar as pessoas de volta ao trabalho durante a pandemia, a menos que possam garantir sua segurança. A avaliação é de Paul Romer, professor da New York University (NYU) e Prêmio Nobel de Economia em 2018.
“É um desperdício de recursos tentar levar as pessoas de volta ao trabalho se você não encontrou uma maneira de tornar seguro que elas voltem ao trabalho”, disse o economista americano.
Segundo Romer, as respostas econômicas convencionais para combater a recessão não vão funcionar até que as pessoas possam voltar a trabalhar em segurança.
Romer afirmou que se o governo quer salvar vidas e retomar a economia, o caminho é aumentar os testes para coronavírus e produzir equipamentos de proteção para as pessoas poderem voltar a trabalhar mesmo enquanto o vírus está em circulação.
De acordo com ele, a crise gerada pela pandemia pode ser pior que a Grande Depressão “se os governos não agirem rapidamente para garantir que as pessoas voltem ao trabalho de forma segura”.
O economista americano criticou a possibilidade de criar “passaportes de imunidade”, aventada pelo Brasil e pelo Reino Unido, para permitir a circulação de pessoas recuperadas da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Essa medida levaria, segundo ele, a muitas infecções e mortes.
“Essa política não faz sentido, a menos que você queira dizer que deseja que a maioria das pessoas em sua economia seja infectada e que entende que parte delas morrerá, e aí, depois disso, deixaremos as pessoas que se recuperaram voltarem ao trabalho.”
Romer, que foi economista-chefe do Banco Mundial, diz que é nossa “obrigação moral” proteger os trabalhadores essenciais, que seguem se expondo ao ir trabalhar, como enfermeiros, médicos, policiais e motoristas.
“Devemos parar todas as outras atividades produtivas e dedicar todos os nossos recursos à produção de equipamento de proteção que esses trabalhadores precisam para estar seguros quando interagirem com o público. Nós não estamos nos esforçando o suficiente para produzir o equipamento de que eles precisam”, disse.
Em artigo publicado no fim de março no jornal The New York Times, Romer termina assim: “John Maynard Keynes disse que, no longo prazo, estaremos todos mortos. Se mantivermos nossa atual estratégia de supressão baseada na distância social indiscriminada por 12 a 18 meses, a maioria de nós ainda estará viva. É a nossa economia que estará morta.”
Fonte: BBC News Brasil