Bolsonaro chama Moro de egoísta em mais uma crise interna no governo

Bolsonaro fala a interlocutores que Moro “só pensa nele” e “não está fazendo nada” para ajudar o governo na batalha que o presidente trava com os governadores sobre as medidas de controle da coronavírus

(Foto: Alan Santos/PR)

Reportagem desta segunda-feira (30), do Estadão, revela que Bolsonaro anda irritado com o ministro da Justiça, Sergio Moro, na crise do coronavírus.

Não bastasse o desententimento com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a quem Bolsonaro diz estar “de saco cheio de Mandetta”, o presidente abre nova crise no seu ministério com o titular da Justiça.

O presidente reclamou a interlocutores que o ministro é “egoísta” e não está atuando para defender as suas posições no enfrentamento às medidas restritivas dos Estados e municípios como controle da coronavírus.

Segundo a matéria, o presidente reclamou de estar desassistido juridicamente. Grupos de WhatsApp bolsonaristas já estão refletindo essa situação.

Há montagem de três versões do ministro nas redes bolsonaristas. Na primeira foto, Moro está com uma máscara na boca. Na segunda, a proteção cobre os olhos. Na terceira, duas máscaras tapam os ouvidos.

Bolsonar fala a interlocutores que Moro “só pensa nele” e “não está fazendo nada” para ajudar o governo na batalha que o presidente trava com os governadores.

A reportagem levantou que Moro evita abraçar a causa de Bolsonaro contra o isolamento horizontal.

Nesta segunda-feira, o ministro da Justiça, que já sofre pressão nos bastidores, deu seu recado no Twitter: “Prudência no momento é fundamental”.

O ministro também compartilhou um artigo do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), publicado no jornal O Globo, em que faz um apelo aos magistrados dizendo que “é hora de ouvir a Ciência.”

Moro destacou  seguinte trecho: “Está na ordem do dia a virtude passiva dos juízes e a humildade de reconhecer, em muitos casos, a ausência de expertise em relação à covid -19”.

“O governo federal tem perdido batalha consideradas cara a Bolsonaro contra governadores e prefeitos. Apesar de Bolsonaro defender um isolamento vertical, somente para idosos e pessoas com doenças, os Estados e municípios seguem adotando a quarentena como medida para controlar o avanço da covid-19”, destaca o jornal.

Na semana passada, a Justiça do Rio derrubou decisão de Bolsonaro de reabrir os templos e as casas lotéricas. Outra derrota foi imposta quando o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, decidiu liminarmente que governadores e prefeitos podem determinar sobre as restrições de circulação de transporte. A decisão derrubou um trecho da medida provisória que restringe ao governo federal determinar o que são serviços essenciais.

No domingo, Bolsonaro disse que teve um “insight” para baixar um decreto para liberar “toda e qualquer profissão” a trabalhar. Auxiliares da área jurídica têm alertado o presidente que as decisões individuais da União, Estados e municípios podem acarretar uma série de ações judiciais questionando as medidas uns dos outros. Eles tentam convencer Bolsonaro que chegar a um consenso com governadores e prefeitos é mais eficaz.

O presidente, no entanto, não está convencido. Para ele, Moro, o qual considera o mais experiente e tem mais popularidade, deveria ajudar o governo na disputa jurídica. A conclusão do presidente, segundo relatos ao Estado, é que Moro, ao optar por não buscar auxiliar o governo fora dos temas diretamente à sua pasta, demonstra atuar somente no que lhe dá capital político. Moro já assinou decretos para restringir a entrada de estrangeiros no País.

Com informações do Estadão

Autor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *