O irracionalismo do presidente não é loucura, é tática!

O irracionalismo – a negação da razão, das evidências, provas, fatos e dados – é uma prática individual e coletiva comum ao longo da história e está fortemente presente no Brasil.

Evidente que o pronunciamento de Bolsonaro na noite de terça-feira (24) chocou boa parte da nação. Foram minutos de incredulidade a cada frase que saia da boca do presidente da República. Afinal, como pode o chefe do país se comportar daquela maneira? Não apenas pode, como vai piorar. Não é loucura, é modus operandi. Não é insanidade. É projeto político!

O irracionalismo – a negação da razão, das evidências, provas, fatos e dados – é uma prática individual e coletiva comum ao longo da história e está fortemente presente no Brasil.  Chegamos em um estágio explosivo, com setores importantes da população pensando e agindo de modo irracional. A crise do Corona Vírus está expondo isso na nossa cara, sem dó nem piedade. Mas esse irracionalismo coletivo vem sendo cultivado e aplicado há muitos anos. A própria eleição de Bolsonaro já foi prova factual disso.

A despeito das evidências, provas, mobilização internacional, apelos de médicos e cientistas, bloqueios de regiões e mesmo de países inteiros – a Índia, decretou, na quarta-feira (25), a maior quarentena da história, para 1, 3 bilhão de hindus- o irracionalismo faz outros milhões de pessoas desprezar, negar, não atender e lutar contra o que é cientificamente comprovado, nessa pandemia causada pelo coronavírus. E Bolsonaro sabe disso! E sabe que o seu eleitorado “raiz”, aquilo que chamamos de “bolsominions” é composto exatamente por esse setor da população, que nega tudo o que é científico, tudo o que é fato comprovado, baseando-se na “minha opinião é o que vale” e em uma fé medieval, acrítica, cega, super estimulada por certas correntes neopentecostais.

Esse público, algo entre 25 e 30% do eleitorado, composto por classes sociais distintas – dos mais pobres aos mais ricos, mas com intensa presença de setores médios – está convicto de que tudo não passa de um grande plano mirabolante de forças externas – China principalmente – e de forças internas – os “comunistas” e a mídia” –  para derrubar o governo através do caos. Essa paranoia irracional é cultivada desde o início do governo Bolsonaro pelas redes criminosas de produção de fake news, calúnias e difamações contra adversários de sempre e aqueles (as) que romperam com o bolsonarismo. Foi para esse público que Bolsonaro falou e não para o conjunto da nação.

E o fez porque ele prepara um golpe, como já vinha buscando há meses. Mas nenhum golpe é dado sem apoios, de pelo menos parte do povo (aquela parte que foi às ruas em 15 de Março pedindo fechamento do Congresso, do STF e volta da ditadura), setores empresariais (os “Maderos e Havans” da vida), pastores ávidos pelo dízimo do “rebanho da fé” e partes das forças de segurança. Sem falar nas milícias do Rio de Janeiro.  É com esses setores que Bolsonaro conta para tentar emplacar seu regime de exceção, sua ditadura. Ele, seus filhos e seguidores ideológicos mais próximos passaram os últimos 15 meses dizendo isso quase todos os dias!

Quando o nazifascismo foi derrotado na Europa definitivamente em 1945 – e durante as décadas seguintes – muita gente se perguntou: como aquelas monstruosidades lideradas por Hitler, Mussolini e outros menos cotados, foram possíveis num mundo civilizado, repleto de ciência e racionalidade? Bem, olhemos para o Brasil de hoje e podemos encontrar, ao nosso lado, as respostas. Todo cuidado é pouco! Bolsonaro precisa ser tirado do poder. E rápido!

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