Secretários de Saúde do Nordeste dizem que Bolsonaro atrapalha
Os gestores estaduais de disseram estar estarrecidos com o pronunciamento de Jair Bolsonaro, nesta terça-feira (24).
Publicado 25/03/2020 00:00 | Editado 25/03/2020 00:35
Em nota, os secretário afirmam que o presidente “desfaz todo o esforço e nega todas as recomendações para combate à pandemia do coronavírus”. Eles se dizem espantados com “os graves desencontros entre o pronunciamento do Presidente e as diretrizes cotidianas do Ministério da Saúde. Esta fala atrapalha não só o ministro, mas todos nós”.
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A irresponsabilidade de Bolsonaro
Confira a nota:
“Assistimos estarrecidos ao pronunciamento em cadeia nacional do Presidente Jair Bolsonaro, onde desfaz todo o esforço e nega todas as recomendações para combate à pandemia do coronavírus.
Não é nosso desejo politizar esse problema. Já temos dificuldades demais pra enfrentar. Não podemos cometer esse erro. Vamos continuar fazendo nosso trabalho. Não nos parece que a posição exposta pelo Presidente seja a do Ministério da Saúde, que tem se conduzido tecnicamente.
Percebemos, com espanto, os graves desencontros entre o pronunciamento do Presidente e as diretrizes cotidianas do Ministério da Saúde. Esta fala atrapalha não só o ministro, mas todos nós!
Sabemos que iremos enfrentar uma grave recessão econômica, mas o que nos cabe lidar diretamente é a grave crise sanitária.
Vamos seguir tocando nossas vidas com decisões baseadas em evidências científicas, seguindo exemplos bem sucedidos ao redor do mundo.
A grande maioria dos países do mundo, ocidentais e orientais, já firmaram seu curso no combate ao vírus e é este curso que o Nordeste Brasileiro seguirá.
Que Deus abençoe cada um de nós que pouco temos dormido. Que Deus nos abençoe!”
Nada que Bolsonaro faz me surpreende, inclusive, o ter sido eleito que, como uma visão mediúnica, me ocorreu prever em janeiro de 2018, quando ele sequer tinha 10 % das intenções nas pesquisas. Bolsonaro expressa todo desprezo pela vida que a sociedade brasieira desenvolveu em si. Uma sociedade de massas absurdamente violenta, que naturalizou a morte por arma de fogo, que tira a vida de brasileiros em escala de guerra no Oriente Médio. Até o advento da era Bolsonaro, a referência à Casa Grande e à Senzala era uma metáfora que admitia algum atenuante em favor da sociedade brasileira contemporânea, pois, afinal, apesar de ser uma repugnante relação de exploração do capital pelo trabalho, um indivíduo que vive com um salário mínimo e tem uma expectativa de vida de 50 anos representa um “avanço” em relação àquele que vivia como um escravo e tinha expectativa de vida de 30 anos. Entretanto, o bolsonarismo representa não mais essa metáfora, mas uma atualização das relações de exploração escravagistas, algo que poderíamos chamar de “Casa Grande e Senzala pós- moderna”, em que o trabalhador perde não apenas seus direitos trabalhistas e previdenciários, mas também sua liberdade de ir e vir e até mesmo o seu direito à vida. O discurso de Bolsonaro é coerente com a visão dos “senhores de engenho pós-modernos”, foi antecipado nas redes sociais por gente como Roberto Justos e dono do “Girafas”. É a concepção de mundo da nossa plutocracia financeira, foi recomendado principalmente pela politica econômica de Paulo Guedes. A “Casa Grande e Senzala pós-modrrna”, como aquela do Brasil colonial, não admite democracia, não precisa de maiorias parlamentares, de liberdade de imprensa, de apoio da maioria da sociedade. Necessita apenas de senhores (plutocracia), escravos (trabalhadores), feitores (milicianos) e agregados (bolsonaristas). Para enfrentá-la devemos nos inspirar no espírito de luta de nosso herói negro Zumbi, ou de Osvaldão, herói negro na Gerrilha do Araguaia, dispospondo-nos a lutar contra Bolsonaro em qualquer frente de luta que vier a ser criada.