Centrais sindicais rechaçam MP 927 e pedem proteção para trabalhador
Em nota, centrais pedem garantia de serviços como água, luz e internet e um salário mínimo mensal para desempregados e informais.
Publicado 23/03/2020 19:32

Em nota divulgada nesta segunda-feira (23), as centrais sindicais brasileiras acusam Jair Bolsonaro de agir de maneira antissocial e discriminatória e jogar nas costas dos trabalhadores o ônus da crise. O motivo do manifesto foi a edição da Medida Provisória (MP) 927, prevendo a suspensão de contratos de trabalho por quatro meses, com respectiva suspensão dos salários.
No início da tarde, pressionado pela repercussão negativa da medida, Bolsonaro recuou e anunciou que revogaria esse trecho específico da normativa. Para as centrais sindicais, no entanto, “diante da forte repercussão negativa, especialmente no Congresso Nacional”, não é suficiente a simples revogação do artigo 18, que trata da suspensão de contratos e corte de salários.
O documento aponta outros problemas na MP, entre eles, a não regulação da proteção aos trabalhadores em serviços essenciais e a exclusão da contaminação por coronavírus da classificação de acidentes de trabalho, o que “é particularmente cruel com estes trabalhadores e os trabalhadores da saúde”.
A nota destaca também que a normativa “tenta passar por cima dos legítimos representantes dos trabalhadores, que são os sindicatos, e impõe negociações individuais”. Segundo as centrais, “proteger os empregos e a renda de todos os trabalhadores é a base para dar as condições e a segurança necessárias para que todos cumpram as medidas de isolamento e cuidados com a saúde”.
Os representantes sindicais pedem que, além de devolver a MP 927 ao Executivo, o Congresso Nacional convoque as centrais, as confederações patronais e os órgãos de Estado para criação de uma Câmara Nacional de Gestão de Crise para combate à pandemia “com medidas justas e sociais garantindo emprego e direitos dos trabalhadores, para enfrentarmos e vencermos a crise”.
A nota antecipa
algumas medidas necessárias, como ampliação da quarentena,
resguardando o trabalho de setores estratégicos. Pede, ainda, um
programa emergencial que inclua fornecimento de água, luz, telefone,
TV e internet; incentivo a acordos coletivos que preservem salários
e empregos; criação de um Fundo de Emergência para garantir um
salário mínimo mensal para desempregados e informais; aceleração
da concessão de aposentadorias; regularização de beneficiários do
Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC);
linhas de crédito para setores que vão paralisar as atividades
mantenham empregos e, por fim, articulação do governo com o
Congresso e todos os governadores, independente de filiação
política e ideológica.
O documento é assinado pela
Central Única dos Trabalhadores (CUT); Força Sindical; União Geral
dos Trabalhadores (UGT); Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do
Brasil (CTB); Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST); Central
de Sindicatos do Brasil (CSB); Intersindical Central da Classe
Trabalhadora e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB)