Sem socorrer pessoas e empresas, impacto do Covid-19 é imprevisível
Avaliação é do economista inglês Jim O’Neill, que defendeu impressão de dinheiro para transferência de renda.
Publicado 19/03/2020 17:36 | Editado 19/03/2020 21:15

A crise do novo coronavírus exige políticas dramáticas por
parte dos governos e bancos centrais dos países do G-20, tais como
impressão de dinheiro para transferir renda a indivíduos e empresas
por pelo menos dois meses. Caso o socorro não aconteça, a economia
global terá uma contração enorme e com consequências
imprevisíveis.
A argumentação é do economista inglês Jim O’Neill, criador do conceito do Bric (grupo econômico formado por Brasil, Rússia, Índia e China). Em entrevista ao Valor Econômico nesta quarta, O’Neill defendeu que o Brasil deve seguir o mesmo receituário, batizado de “medida de afrouxamento quantitativo para as pessoas”.
O nome é uma
referência à à estratégia adotada pelos principais bancos
centrais do mundo em resposta à crise de 2008, caracterizada pela
compra maciça de títulos públicos e privados, com o objetivo de
manter baixas as taxas de juros de longo prazo, conhecida como “QE”
(sigla em inglês para quantitative easing).
O britânico,
presidente do Centro de Estudos Chatham House, em Londres, disse
também que impacto da crise sobre o Brasil é duplo. “Uma
completa paralisação das pessoas e de muitas atividades de seus
principais parceiros comerciais”, além dos esforços deliberados
para restringir o modo de vida normal da própria população,
afirma.
Segundo O’Neill, a crise atual “é a mais complexa” já vista por ele. “[Trata-se de] um choque de oferta e de demanda, causada por uma doença infecciosa e pelos esforços para evitá-la”. Ele afirmou ainda que, em sua avaliação, a economia global já atravessa uma recessão.
O’Neill trabalhou no Goldman Sachs entre 1995 e 2013, a maior parte do tempo como economista-chefe. Em 2001, criou o Bric, o acrônimo que fez a sua fama – a África do Sul entrou depois, não por sua iniciativa.
Fonte: Valor Econômico