Os olhos azuis e guerreiros descansaram
Faleceu na madrugada desta segunda-feira (16), aos 83 anos, o histórico militante comunista cearense, Raimundo Guerreiro. “Nós temos que ser como um coco, bonito por dentro”., gostava de afirmar Guerreiro por onde passava.
Publicado 16/03/2020 16:33 | Editado 18/03/2020 09:42
Descansaram para esse mundo, fechados após meses lutando contra uma doença, os olhos azuis e brilhantes de Raimundo Guerreiro. Olhos de luta, que enxergavam adiante num compromisso de fidelidade com a classe trabalhadora. Partiu o histórico militante comunista, eterno líder sindical, Raimundo Guerreiro. De pequena estatura e grande altivez, parte deixando como legado uma vida de coerência e envolvimento com o povo trabalhador.
Filiado ao PCdoB desde a década de 1970, Guerreiro foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Fortaleza, em 1979, após liderar, de forma combativa e hábil, a histórica greve dos metalúrgicos do Ceará e do Brasil .
Para o advogado trabalhista Benedito Bizerril, seu companheiro de militância política e que o filiou ao PCdoB, Guerreiro foi a maior liderança sindical cearense daquele momento. “Difícil encontrar alguém com o sentimento de classe que Guerreiro teve durante toda a vida. Dono de uma linguagem politizada, teve um papel destacado também na luta contra a carestia, chegando a ser uma das lideranças nacionais do movimento. Foi perseguido, impedido de trabalhar, mesmo sendo um grande trabalhador. Sofreu muito, mas nunca vacilou, nunca perdeu o rumo da luta. Guerreiro foi uma das maiores pessoas que conheci. Sempre muito firme e que deu uma grande contribuição para o partido e para o povo brasileiro”, afirmou Bizerril.
Luis Carlos Paes, presidente estadual do PCdoB, ressalta a qualidade política do militante comunista. “A fala de Guerreiro sempre foi lúcida e clara, abordava com autoridade e conhecimento os problemas dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, com conteúdo político, ajudando a elevar a consciência de sua classe sobre a necessidade da conquista do poder”, afirmou Paes.
Durante a vida, para sustentar a família, Guerreiro foi pedreiro, carpinteiro, eletricista, sempre amável e disposto. Foi também trabalhador da indústria têxtil na Fábrica Santa Cecília e enfrentou a ditadura militar. Nos últimos meses, já acamado, para todos e todas que o visitavam demonstrava preocupação com os rumos do país, com opiniões sólidas e construtivas. O povo trabalhador era sua grande paixão. Dedicou sua vida a ele. Foi um gigante do início ao fim. Hoje os comunistas cearenses choram a partida de um grande amor, um filho, pai e irmão, um brasileiro e um comunista da mais alta estatura. Tinha o nome mais apropriado, Guerreiro!
O velório acontece nesta segunda-feira (16), a partir das 15:00 horas no Plaza Alvorada (Av. Gen. Osório de Paiva, 255 – Parangaba, em Fortaleza). Um cortejo até o Cemitério da Parangaba conduzira, a partir das 7:30 h da terça-feira (17), o corpo do velho combatente e sua história ficará nos corações de todos que o conheceram.
Descanse em paz, agora, nosso querido e velho ‘Guerreiro’. Você já lutou bastante. Só não vá arranjar confusão ai onde você está, viu?