Bolsonaro ameaça a democracia
Desde 2014, após reeleição de Dilma Rousseff, o Brasil só vive em crises. Tivemos o impeachment, o Brasil parou de crescer, o PIB desde o governo Temer até agora gira em torno de 1%. A crise mais recente, e das mais graves, é a ameaça feita por Bolsonaro e seus apoiadores ao Congresso Nacional e à Suprema Corte, o STF.
Publicado 06/03/2020 16:30
Em primeiro lugar é preciso dizer que em todos os países democráticos do mundo existem três poderes: o Executivo, o Legislativo, que é o Congresso Nacional, e o Judiciário. Esses poderes são os pilares da democracia. Fora disso é ditadura, como infelizmente já aconteceu no Brasil quando o regime militar, usando o AI 5, fechou o Congresso, cassou deputados, baniu, prendeu, torturou, matou parlamentares e milhares de opositores.
Recentemente a Câmara de Deputados dos EUA aprovou a abertura de um processo impeachment do presidente Donald Trump, que foi rejeitado pelo Senado, e nem por isso o presidente americano pediu fechamento do parlamento.
Atualmente a Câmara de Deputados do Brasil tem 513 deputados, dos quais apenas 130 são de partidos de oposição. Os demais, cerca de 380, são de partidos do centro e da direita, que apoiam ou apoiaram Bolsonaro, tanto que votaram a favor das principais matérias enviadas pelo seu governo, como a reforma da Previdência, mudanças na legislação trabalhistas, privatizações, etc.
Porque então Bolsonaro e seus apoiadores fazem propaganda pelas redes sociais incitando a população a ir às ruas no dia 15 de março para pedir o fechamento do Congresso e do STF?
Não é a primeira vez que Bolsonaro, ministros do seu governo e seus filhos se manifestam contra essas importantes instituições. Um de seus filhos já disse que para fechar o STF bastaria um cabo e um soldado. Um outro filho e o próprio Bolsonaro, já afirmaram que se colocasse uma bomba no Congresso Nacional ninguém iria chorar. Aliás, Bolsonaro parece ser especialista em armar bombas. Foi expulso do Exército porque elaborou um plano para colocar bombas no quartel que servia e também na estação de tratamento de água e esgoto do Rio de Janeiro, a estação Guandu. Parece ter a mesma concepção dos militares terroristas que praticaram o atentado à bomba no Riocentro durante um show em homenagem ao Dia do Trabalhador, no 1º de maio de 1981, durante a ditadura.
Bolsonaro, seus filhos, o general Heleno e outros do alto escalão do governo já declararam que no caso de protestos defendem o AI 5, ou seja, fechamento do Congresso. Essas ameaças repetidas vezes, a convocação do ato, mantido mesmo após um acordo com o Congresso, deixam cada vez mais clara que a intenção de Bolsonaro e de todo o núcleo duro do seu governo é mesmo instalar uma ditadura em nosso país.
Para evitar novas tragédias como a ditadura militar que infelicitou o Brasil por 21 anos, o povo brasileiro só tem uma saída: protestar de forma veemente através da mais ampla união de todas as forças democráticas e progressistas, entidades estudantis, de professores, de todas as categorias de trabalhadores, de servidores públicos, de partidos do centro e de toda a esquerda, enfim de todos que amam a democracia e sabem dos resultados desastrosos de uma ditadura ao país e ao povo em geral.