Dólar sobe 1,5% e fecha a R$ 4,65, em mais um dia de recorde
Escalada está relacionada ao coronavírus, mas também ao cenário doméstico.
Publicado 05/03/2020 17:49 | Editado 05/03/2020 18:24
O dólar fechou em alta de 1,5%, cotado a R$ 4,6510 na venda. Foi o 12ª pregão de alta. A intervenção do Banco Central (BC), que realizou três leilões de swap cambial, não conseguiu conter a escalada, causada por temores relacionados ao coronavírus e também ao cenário doméstico.
Nesta quinta-feira (5), o ministro da Economia, Paulo Guedes, culpou a imprensa pela alta e disse que o dólar “pode chegar a R$ 5” caso seja feita “muita besteira”.
“Bom, tem o coronavírus, a desaceleração da economia mundial, tem a incerteza. Havia a incerteza, o que vocês estavam dizendo há um, dois dias atrás? Tá havendo choque entre Congresso e o presidente, não tá havendo coordenação política, quer dizer, se está havendo esse frisson todo, o dólar sobe um pouco”, afirmou o ministro.
“Se o presidente pedir pra sair … se o presidente do Congresso pedir pra sair … se todo mundo pedir pra sair … se todo mundo falar que … entende … bom, às vezes eu faço algumas brincadeiras de professor e isso vira coisa errada. É um câmbio que flutua. Se fizer muita besteira pode ir para esse nível [R$ 5]. Se fizer muita coisa certa, ele pode descer”, disse ainda Guedes.
O dólar mais alto é resultado do temor dos investidores quanto ao impacto do coronavírus na economia, além da expectativa de juros mais baixos. O Banco Central sinalizou que pode seguir os bancos centrais de outros países – incluindo o Fed, o banco central dos EUA – e reduzir a Selic, taxa básica de juros da economia, para enfrentar os riscos trazidos pelo vírus. Os juros mais baixos tornam o Brasil menos atraente para investidores estrangeiros.
O crescimento fraco de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019, divulgada na quarta (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apesar de já esperada, também preocupou devido à queda do investimento no terceiro trimestre. Os investidores estão ainda incertos quanto à capacidade do governo de entregar as reformas prometidas, em meio a turbulências na relação de Bolsonaro com o Congresso e em pleno ano eleitoral.
Com informações da Folha e Valor Investe