Morre Nexhmije Hoxha, histórica comunista albanesa
Foi uma pessoa digna do maior respeito, por sua integridade moral e dedicação sem limites ao povo simples e trabalhador. Grande amiga do PCdoB, nunca faltou ao apoio à causa socialista, segundo João Amazonas.
Publicado 28/02/2020 15:59 | Editado 29/02/2020 15:14
Nexhmije Hoxha, viúva de Enver Hoxha, o líder da Revolução e do socialismo na Albânia, faleceu na terça-feira na quarta-feira (26), aos 99 anos de idade. Foi uma importante dirigente do Partido do Trabalho, deputada na Assembleia da República e diretora do Instituto dos Estudos Marxistas-Leninistas, além de presidente da Frente Democrática, organização política e social de unidade popular.
Durante governo de caráter neofascista de Sali Berisha, que derrubou o socialismo embalado pelos ventos anticomunistas que varreram o Leste Europeu no final da década de 1980 e início da década de 1990, Nexhmije Hoxha ficou encarcerada por cinco anos. Mesmo sob feroz perseguição, segurou firme a bandeira da Revolução.
Ao comentar os motivos que levaram à derrocada do socialismo, numa entrevista em 2008, ela ressaltou que, mesmo com as dificuldades econômicas decorrentes do cerco ao país, havia uma forte justiça social. “Quando o padrão de vida foi comparado ao Ocidente, podia ser considerado modesto, mas havia um espírito igualitário”, disse ela.
Livro de memórias
A notícia do seu falecimento foi divulgada por agências de notícias cercada de propaganda anticomunista. A Reuters recuperou trechos de uma entrevista dela sobre a perseguição do regime ditatorial pós-socialismo. “O objetivo do meu julgamento foi político, porque eu era a viúva de Enver Hoxha”, disse ela.
Em comunicado, seu filho Ilir Hoxha expressou sua “tristeza” e disse que sua mãe “dedicou toda a sua vida à libertação da terra natal e à construção de uma nova Albânia, ao progresso e à emancipação da sociedade albanesa”.
Nexhmije Hoxha, que publicou um livro de memórias, disse que Enver Hoxha “sabia como defender seu país de inimigos estrangeiros e locais que ameaçavam a existência da Albânia”. “Do que eu deveria ter vergonha? Por que pedir perdão? Não me arrependo de nada e não há nada pelo qual me sinta culpada. Só respeitávamos as leis em vigor na época”, disse ela à AFP, em 2008.
Nascida em 8 de fevereiro de 1921, Nexhmije conheceu Enver em uma reunião clandestina do Partido Comunista da Albânia, em 1941. Casaram-se um ano depois. Em fevereiro de 2016, ela disse que “limpar a lama jogada em Enver era um motivo para viver tanto tempo”.
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Integridade moral
João Amazonas, histórico dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) que manteve amizade com Enver e Nexhmije por muito tempo, escreveu no jornal A Classe Operária de 3 de agosto de 1992 que no pós-socialismo lideranças comunistas eram vítimas de “processos indecorosos, sem qualquer fundamento baseado no Direito e sem prazo para julgamento”.
Entre os presos destacava-se “a figura respeitável de Nexhmije Hoxha (…), mulher que desde a juventude combateu, ao lado de Enver, pela libertação da pátria e pela afirmação do sentimento de orgulho nacional do povo albanês”.
“É pessoa digna do maior respeito, por sua integridade moral e dedicação sem limites ao povo simples e trabalhador. Grande amiga do nosso Partido e do povo brasileiro, nunca faltou ao apoio à causa socialista que defendemos”, asseverou.
Fonte: Portal PCdoB
A única forma de homenagear essa brilhante e corajosa revolucionária nos dias que correm é prosseguindo a luta sem tréguas contra o revisionismo que ela e seu companheiro, o camarada Enver Hoxha, empreenderam durante toda as suas vidas. Os textos que li produzidos pelo Partido do Trabalho da Albânia, alguns deles assinados por Enver Hoxha, continuam mais do que nunca atuais e sempre ao alcance das minhas mãos. PS: meus tempos de comentaristas avulso se encerram com esse comentário. Obrigado pela oferta do espaço!