Bolsonaro recua e decide renovar GLO no Ceará
Jair Bolsonaro havia reclamado e ameaçado não atender a pedido de Camilo Santa, do PT. Em reação, governadores se uniram para apoiar o estado.
Publicado 28/02/2020 13:50 | Editado 28/02/2020 15:01
O presidente Jair Bolsonaro recuou e decidiu renovar a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Ceará por mais uma semana, até a próxima sexta-feira (6). A decisão vem após governadores de ao menos quatro estados terem anunciado que enviariam as próprias forças de segurança ao Ceará em caso de não renovação.
Em sua live de quinta-feira (27) à noite, Jair Bolsonaro havia reclamado do pedido de prorrogação do governador Camilo Santana, do PT.
“Negocie com sua Polícia Militar e chegue a um bom termo nesta questão. Estamos torcendo para isso, que a GLO minha não é ad aeternum. No passado era, com outro presidente, comigo não é”, disse.
A situação no Ceará é dramática. Desde o início do movimento dos policiais militares do estado, que é ilegal, os assassinatos explodiram: saltaram de 5, um dia antes do motim, para 37 no dia 21, auge da paralisação. Na quinta (27), foram registradas 18 mortes.
De acordo com o governador Flávio Dino (PCdoB-MA), do Maranhão, os governadores do Rio de Janeiro, da Bahia, do Piauí e ele próprio acertaram o envio de tropas ao estado. “Há um movimento para cooperar”, afirmou.
A notícia do envio de policiais militares de outros estados para o Ceará foi dada pela jornalista Mônica Bérgamo, em seu blog, na Folha de São Paulo. Segundo ela, “governadores de ao menos quatro estados já se organizam para enviar forças de segurança ao Ceará caso o presidente Jair Bolsonaro não renove a GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que possibilitou a presença do Exército e da Força Nacional no estado”. Em transmissão ao vivo pela internet nesta quinta-feira (27), Bolsonaro afirmou que “A GLO não é para ficar eternamente atendendo um ou mais governadores. GLO é uma questão emergencial”.
A jornalista informa que o governador Flávio Dino (PCdoB-MA), do Maranhão, anuncia o apoio dos governadores do Rio de Janeiro, da Bahia, do Piauí e ele próprio. “Há um movimento para cooperar”, afirmou Dino.
Flávio Dino disse ainda que Bolsonaro tinha obrigação de renovar a GLO. “A Constituição diz que as polícias militares são auxiliares das Forças Armadas. Se elas falham, as Forças Armadas têm a obrigação de intervir. O presidente é obrigado a garantir a ordem pública. Ele não está fazendo nenhum favor”, diz o governador.
Ele observa ainda que, além do Exército, também a Força Nacional faz parte da operação. “E ela é formada por policiais dos estados. O governo federal não tem um homem lá”, diz ele, lembrando que o Ministério da Justiça tem o papel apenas de coordená-los.
O governador maranhense disse que seria “um paradoxo, portanto, que na hora em que um estado precise, não possa contar com ela. O governo federal estará rompendo unilateralmente a cooperação que sustenta a própria Força Nacional”.
Fonte: Folha de S.Paulo