O projeto Bolsonaro
Por que Bolsonaro não quis debater suas propostas na campanha eleitoral?
Publicado 27/02/2020 13:58
Bolsonaro se negou a exercer essa elementar ação democrática porque sabia que se o fizesse poderia perder as eleições. Para justificar utilizou a estratégia de que seria diferente dos políticos tradicionais. Sabendo da aversão da população à velha, repetia que faria uma nova política.
Só não dizia que era um dos mais mofados políticos, com sete mandatos como deputado federal e nenhum projeto relevante aprovado em todo esse período.
No discurso dizia combater todo tipo de corrupção e mal feitos, mas há inúmeras denúncias de sua campanha foi sustentada com recursos não contabilizados, oriundos de caixa 2, e um festival de fake news.
Eleito por menos da metade dos eleitores, despreza e debocha da maioria que nele não votou. Ao invés de buscar a conciliação incita mais o ódio entre brasileiros. O que temos no Palácio do Planalto hoje é um dos mais reacionários, entreguistas, incompetentes e medíocres governos da República.
Em apenas um ano o governo Bolsonaro promoveu um dos maiores massacres contra os direitos dos trabalhadores, na CLT, na Previdência e outros conquistados em décadas de lutas. Na educação promoveu violento corte de verbas em todas as áreas, notadamente na pesquisa e formação superior, fez o mesmo com a saúde e outras áreas sociais. Na área ambiental jamais houvera tanto apoio institucional à degradação e desmatamento da Amazônia, à exploração de garimpos em terras indígenas. Na cultura, a redução do status de ministério para uma acanhada secretaria e o desmonte de programas de apoio e incentivo à produção artística.
Muito mais grave são as medidas na área econômica sob o comando de Paulo Guedes, um dos maiores entreguistas de todos os tempos. Esse novo Bob Fields vem promovendo o maior desmonte de toda a infraestrutura do estado brasileiro construído durante muitas décadas, o que pode inviabilizar o desenvolvimento do país e fazê-lo regredir à época colonial.
Tudo isso tem objetivo perverso: o sucateamento das universidades públicas, visando rebaixar por completo o nível intelectual e tecnológico do Brasil para anular a capacidade de desenvolvimento cientifico do país e ainda beneficiar as universidades privadas. Do mesmo modo que as privatizações principalmente das estatais estratégicas tem o objetivo de sucatear e destruir nosso parque industrial.
É o projeto antigo dos que nos exploram. Ele consiste em inviabilizar o Brasil para que não sejamos mais um concorrente, nem tampouco um empecilho à dominação total da América Latina, mas sim um mero fornecedor de matéria prima, minérios, proteínas in natura e mão de obra barata.
Esse projeto contra os interesses do povo e do país, apenas para favorecer os poderosos nacionais e estrangeiros, não foi elaborado por Bolsonaro, tampouco pelos seus ministros mentecaptos como ele. Bolsonaro é uma marionete, um bobo da corte do governo Trump, rodeado de assessores medíocres e incompetentes, todos dispostos a devorar as riquezas do Brasil serviço do mercado, dos grandes bancos, das multinacionais e grandes grupos de abutres financeiros de forma insaciável.
Mas nem tudo está perdido. Assim como no passado bravos brasileiros enfrentaram e derrotaram seus vendilhões e traidores, haveremos de barrar mais este. Embora não seja luta fácil, experiências do passado como as Diretas Já, nos ensinaram que a saída está na unidade mais ampla possível de todos os democratas, entidades representativas, partidos democráticos e progressistas. A maioria dos brasileiros já está se conscientizando do mal que esse governo tem gerado ao pais e já se organizam em protestos expressivos, em greves de grandes categorias, preparando amplas frentes políticas e sociais para enfrentar as próximas eleições. Mais cedo do que imaginam, esses traidores lunáticos haverão de retornar às cavernas, sarjetas e esgotos onde foi sempre a morada dos perversos que odeiam os pobres, os negros, as minorias, os amantes da paz, da justiça social, da liberdade e do progresso.
Jornalista, arquiteto e urbanista e membro do PCdoB-MT.