O drama na fila do Bolsa Família
Na fila dos pobres sem assistência já se acumulam uns 3,5 milhões de pessoas.
Publicado 26/02/2020 15:57 | Editado 26/02/2020 16:20

Um editorial do jornal O Estado de S. Paulo afirma que, privados do Bolsa Família, milhões de pobres buscam ajuda de prefeituras, em todo o país, para conseguir o mínimo indispensável à sobrevivência.
Muitas dessas prefeituras, diz o texto, também são pobres e incapazes de suportar essa sobrecarga. “O problema se acumula – para as famílias e para os municípios – porque o governo federal deixou, desde o primeiro semestre do ano passado, de dar cobertura a milhões de pessoas no principal programa de transferência de renda”, constata.
Segundo o editorial, o crescimento da pobreza era previsível. “O desemprego tem recuado muito devagar e permanece muito mais alto que nas demais economias emergentes e no mundo avançado”, relata.
Os programas econômicos e sociais, afirma o jornal, foram conduzidos como se a população de renda mais baixa estivesse em condições muito mais confortáveis, ou talvez nem passasse de uma ficção estatística.
Na fila dos pobres sem assistência já se acumulam uns 3,5 milhões de pessoas, correspondentes a cerca de 1,5 milhão de famílias, segundo informa o próprio Estado. A reportagem apresenta os números como conservadores.
O quadro se agravou a partir de junho de 2919. Em maio, 264.159 famílias foram incluídas entre as beneficiárias do programa Bolsa Família. Em junho, o número caiu para 2.542. Os novos ingressos continuaram nesse patamar até outubro.
Os últimos dados do cadastro de benefícios sociais do governo federal são daquele mês. Os novos problemas, segundo o Ministério da Cidadania, serão eliminados quando se concluírem os estudos de reformulação do programa Bolsa Família.
Para o editorial, essa resposta é no mínimo chocante. “Milhões de pobres foram deixados sem assistência, no meio de uma economia frágil e com alto desemprego, enquanto se estudava a mudança do mais importante programa de ajuda social”, relata.
A reportagem diz que a redução dos ingressos pode ter sido manobra para se acumular o dinheiro necessário a uma 13.ª parcela prometida pelo candidato Jair Bolsonaro. “Se isso for verdade, alguém terá decidido deixar milhões ao relento para dar um agrado aos já incluídos no programa”, comenta.