Quando as armas falam
A polarização e a radicalização do Brasil chegam às raias do absurdo, do inaceitável e do imponderável.
Publicado 21/02/2020 14:45 | Editado 21/02/2020 18:24

A destruição do Estado Democrático de Direito, o deterioramento de princípios básicos civilizatórios e a boçalidade contaminam e envenenam como praga nossa sociedade.
Não há diálogo; não há proposta; não há projetos; não há grandeza; não há bom senso. O que há é o caminho do arbítrio e da radicalização, da captura de marginais e bandidos de nosso Estado.
Os atentados diários à nossa democracia, a Constituição cidadã de 1988 e as liberdades elementares são toleradas ou roucamente repudiadas sem eco, sem consequência.
As milícias avançam livremente, os ataques à imprensa são usuais, assim como a constante perda de direitos.
Faz-se, urgente, os homens públicos que têm responsabilidades com a democracia, com a pátria e com a civilização, sentem-se à mesa, sem arrogância e sem hegemonismo. Sem barganhas eleitoreiras para salvar o Brasil das armas.
O atentado sofrido pelo senador Cid Gomes (PDT-CE) é inadmissível para a democracia e para o Estado Democrático de Direito.
Não é imaginável e nem aceitável a captura – seja de uma cidade ou de um estado – por bandos armados com a “proteção” do Estado.
Aonde chegaremos?
O que mais precisa ocorrer contra a democracia?
Até que ponto toleraremos?
Nosso pretérito é farto de exemplos onde a ausência dos homens públicos verdadeiros deram lugar às armas e ao arbítrio.
Triste, Brasil, que vem perdendo o vigor civilizatório. A democracia esvaindo-se e os direitos, perdendo-se.
Minha solidariedade ao senador Cid Gomes e a todos aqueles que se sentem, também, ultrajados e agredidos pelos tempos sombrios que estamos enfrentando.
Vale repetir: quando os homens públicos não dialogam, as armas falam mais alto.
Bacharel em Direito
Pós-Graduado em Sociologia.