Zema dá calote em professores de MG, mas reajuste de 41% a policiais
Mesmo sem quitar todo o 13º de 2019 dos servidores, nem a folha salarial de janeiro, governador do “Novo” quer acenar ao eleitorado bolsonarista
Publicado 17/02/2020 13:57 | Editado 17/02/2020 14:37
Um projeto demagógico de Romeu Zema será votado nesta semana pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O governador do “Novo” deu calote em professores e servidores públicos, não quitando todo o 13º de 2019, nem a folha salarial de janeiro. Mesmo assim, para acenar ao eleitorado bolsonarista, Zema propõe um reajuste salarial de 41,7% para a área de segurança pública – o que teria impacto de R$ 9 bilhões no orçamento estadual.
O texto prevê aumentos escalonados até 2022. Aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no estado foram os únicos a elogiar a irresponsabilidade da medida. Em contrapartida, houve críticas da oposição a Zema, de deputados do próprio partido do governador e até do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Dos três parlamentares do Novo na ALMG, dois se posicionaram contra a medida. O deputado estadual Bartô citou a crise financeira de Minas e criticou “políticos que fazem demagogias com a situação fiscal do estado”. Já Guilherme Cunha contestou o discurso do governador de que o reajuste seria uma “recomposição salarial” e afirmou que os aumentos estão acima da inflação, o que contraria a lei de recuperação fiscal.
Deputados de oposição também afirmaram que o reajuste salarial entra em contradição com o discurso de Zema de escassez de recursos no estado. Após o estrago deixado pelas chuvas em Minas, com 58 mortes, Zema afirmou que o governo não tem recursos para obras de infraestrutura. Como forma de dar mais fôlego às finanças do estado, ele pediu a deputados que apoiem o regime de recuperação fiscal e a reforma da Previdência estadual.
Para o líder da oposição na ALMG, André Quintão (PT), Zema fez uma escolha com “componente político” ao dar o reajuste a policiais antes de enfrentar o restante da pauta econômica. “Houve pressão do pessoal da segurança pública para não aumentar a contribuição previdenciária com o salário da categoria congelado há anos, por exemplo. Zema fez um gesto de aproximação com a bancada de segurança, que tem um viés mais bolsonarista. O erro dele foi não abrir o diálogo com outras categorias. Isso vai gerar ainda mais pressão sobre o governador”, disse Quintão.
O relator do projeto de reajuste enviado por Zema à ALMG é o deputado Bruno Engler (PSL), cotado para concorrer à prefeitura de Belo Horizonte neste ano com apoio do clã Bolsonaro. Coronel Sandro (PSL), outro parlamentar que defendeu o projeto em plenário, tem atuado pela criação do partido Aliança pelo Brasil em Minas Gerais e se reuniu recentemente com Bolsonaro.
Na quinta-feira, uma emenda da deputada Beatriz Cerqueira (PT) para estender o reajuste a outras categorias, como os profissionais da educação, que estão em greve, foi derrotada na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária. Beatriz afirmou que pretende reapresentar a emenda quando o reajuste aos policiais for votado em plenário.
Com informações do O Globo