Bolsonaro mente sobre privatizações e governadores
Para ele, o Estado não pode fazer investimentos públicos.
Publicado 08/02/2020 10:22 | Editado 08/02/2020 12:17
O presidente Jair Bolsonaro disse, na mensagem presidencial enviada neste ano ao Congresso, que a Eletrobras será mesmo privatizada, alinhando-se à meta financeira do ministro da Economia, Paulo Guedes. O Projeto de Lei do governo para viabilizar negociação da estatal foi enviado em 2019 pelo governo ao Legislativo.
Segundo Bolsonaro, muitas estatais devem ser “negociadas”, caso contrário irão quebrar. Ele havia sido questionado por uma apoiadora, em frente ao Palácio da Alvorada, se a Eletrobras será privatizada e respondeu dizendo que sim, ocasião em que, mais uma vez, exercitou sua verborragia contra os “petistas”.
De acordo com sua tese fantasiosa, a Eletrobras precisa ser privatizada porque a ex-presidenta Dilma Rousseff baixou o preço da tarifa e “houve um déficit enorme”. “Hoje você precisa investir para o sistema não entrar em colapso. E eu não tenho R$ 28 bilhões, esse que é o problema”, afirmou, reiterando a política do seu governo de não priorizar investimentos públicos.
Irresponsabilidade do governo
Bolsonaro foi mais além ao dizer que “tem muita estatal aí que infelizmente vai ter que ser negociada, senão vai quebrar”. Na mesma linha de negar a responsabilidade do governo coma administração dos preços públicos, voltou a responsabilizar governadores pelo alto preço do combustível.
Em resposta a um fã que disse desejar a queda do valor pago nas bombas, Bolsonaro disse: “Estão sabendo de quem é a culpa agora, né. Estão sabendo. Acabou a brincadeira de me acusar.”
O presidente defende, irresponsavelmente, que o ICMS incida sobre o valor do combustível na refinaria, em vez de em bombas de postos. Ele afirma que enviará ao Congresso um Projeto de Lei para viabilizar a mudança na cobrança.
Bolsonaro chegou a afirmar nesta semana que iria retirar cobranças federais sobre combustíveis se governadores zerassem o ICMS nas bombas. Sobre a política irresponsável de alinhar os preços dos combustíveis à cotação internacional do petróleo, o presidente se cala.