O edifício João Goulart e a construção do Brasil
João Goulart representou a era da modernização do Brasil, iniciada com a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas.
Publicado 25/01/2020 18:51 | Editado 26/01/2020 09:28
A inauguração da nova sede administrativa do governo do estado do Maranhão, o edifício João Goulart, pelo governador Flávio Dino (PCdoB), homenageia e reaviva a memória de um importante personagem da história democrática brasileira. Mais do que um símbolo, o nome remete a um período determinante para a formação do Brasil, que antecede o seu governo deposto pelos facínoras de 1964.
A fúria dos golpistas se devia exatamente ao que ele representava. Além de tomar-lhe o poder por meio de um assalto armado, trataram de enxovalhar a sua memória, uma prática de resto sistematizada pelo regime autoritário para tentar apagar da história o ideal que o nome Goulart invocava. Suas ideias precisavam desaparecer para que não brotassem em algum momento com a força que ela representava.
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Goulart se projetou antes da volta do seu ideólogo, Getúlio Vargas, à Presidência da República nas eleições de 1950. Depois, como presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e ministro do Trabalho, fora o alvo inicial da violência que levou Vargas ao suicídio. Desde aquele tempo, a direita – sobretudo a mais radicalizada – manteve Goulart na sua alça de mira.
Ao mesmo tempo, ele se projetava como referência para a luta dos trabalhadores e do povo. Com a morte de Vargas, que lhe concedeu a honra de ser o seu continuador, passou a conviver com popularidade entre o povo e com os ataques cada vez mais violentos dos que combatiam os ideais da Revolução de 1930.
Esse cenário evoluiu para as eleições de 1955 e 1960, quando ele foi eleito vice-presidente – nos governos Juscelino Kubitscheck e Jânio Quadros –, para o seu governo após a renúncia de Jânio Quadros e para o golpe de 1964. Sempre atacado, respondia com ações que elevavam seu prestígio entre o povo.
Goulart é referência histórica do trabalhismo. Desde o período em que o Brasil deu seu maior salto industrial, o início do ciclo de modernização econômica, social e política do país. Mas simboliza, também, os princípios que possibilitaram o ingresso efetivo da nação brasileira no caminho dos ideais da República que moveram os independentistas, os abolicionistas, os trabalhadores e os revoltosos das décadas de 1910 e 1920.
Os duros combates dessa trajetória prosseguiram sob toque de silêncio na resistência democrática à ditadura militar. E ressurgiram, com a redemocratização. Agora, se dão com a luta para impedir o avanço da extrema-direita sobre a modernização do país e do ideal representado pela memória de Goulart. Os inimigos do país pretendem destruir não menos do que mais de um século de construção nacional.
Nessa caminhada, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) também foi protagonista. Do ponto de vista dos ideais patrióticos, democráticos e populares, se irmanou ao trabalhismo e agora, nesse cenário de mais uma etapa da resistência democrática, se orgulha ao ver um governador dos seus quadros prestar essa mais do que merecida homenagem a João Goulart. Se orgulha, igualmente, te contar, em sua direção nacional, com João Vicente Goulart, que tem representado e divulgado a memória do pai, João Goulart.
O enorme potencial do Brasil e dos brasileiros depende da organização e da união das forças políticas democráticas e patrióticas. A compreensão dessa condição constitui outro legado importante da trajetória de João Goulart. Tanto que seus ideais, hoje, estão presentes no PCdoB. Esse gesto simbólico do governador Flávio Dino tem, também, esse significado.
Da redação