Sergio Moro foge da polêmica no Roda Viva e esbanja submissão a Bolsonaro

O ministro negou qualquer atrito com o presidente Bolsonaro e disse que segue uma cadeia de comando, evitando responder as questões mais polêmicas.

(Reprodução)

Entrevistado do programa Roda Viva nesta segunda-feira (20), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, evitou responder as perguntas polêmicas dos jornalistas e afirmou que não iria contrariar publicamente o presidente Bolsonaro.

Basicamente, essa foi a postura do ex-juiz que outrora foi chamado pela grande mídia como herói nacional.  

Ele se esquivou de comentar assuntos como o discurso nazista do ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim; denúncias sobre o laranjal do PSL envolvendo o ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) e sobre os ataques à imprensa feito rotineiramente pelo seu chefe.

O vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), diz que nunca se viu na história da política um ministro tão submisso.

“Escolha o pior ministro da Justiça sob a democracia, mesmo com as deformações de agora, e nenhum será parelha em mediocridade a esse Sergio Moro”, afirmou o deputado.

“Bolsonaro xinga jornalistas quase todo dia, ameaça não renovar concessão de emissoras inimigas, corta assinaturas de jornais críticos, ameaça anunciantes, dá mais verba pública a quem o elogia e estimula militância a perseguir repórteres. E Moro elogia o chefe”, lamentou o senador Humberto Costa (PT-PE).

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), diz que o ministro foi um fiasco. “Ontem Moro fugiu de perguntas sobre corrupção no governo, sobre sua omissão ao ataque ao Porta dos Fundos e ao vídeo nazista, sobre agressões de Bolsonaro à imprensa, o inquérito do laranjal. Moro mostra sua parcialidade. Aprendeu como juiz”, diz ela.

“Quem poderia imaginar que o sujeito tratado pela imprensa como herói nacional ficará para a história como capacho de miliciano”, afirmou Guilherme Boulos (PSOL) ao comentar a seguinte frase de Moro no programa: “Eu não contrario publicamente o presidente.”

Sobre o episódio em que Bolsonaro decidiu demiti-lo após criticar uma decisão do presidente do STF, Dias Toffoli, sobre Coaf, beneficiando o senador Flávio Bolonaro, filho do presidente, o ministro respondeu que houve exagero no caso revelado pelo o livro Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos, da jornalista Thaís Oyama. No livro, relata-se que ele chorou ao receber a notícia de que seria demitido.

Questionado se os vazamentos das gravações, divulgadas pelo Intercept Brasil, não deixavam claro sua parcialidade nos julgamentos da Lava Jato, o ministro se limitou a dizer que agiu corretamente como juiz.

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