Eleição reforça o poder popular em Cuba, diz deputado religioso
Para Orlando Gutierrez, os dois grandes problemas para o futuro cubano são o bloqueio e a subversão – que tenta acabar com a ordem constitucional
Publicado 21/01/2020 06:12 | Editado 21/01/2020 13:18

Com a eleição de governadores e vice-governadores, Cuba aperfeiçoa sua democracia sem pressão, disse o deputado religioso Orlando Gutierrez. “Vemos isso como mais um passo no fortalecimento de nossa democracia no funcionamento do Poder Popular, que criamos, e cabe a nós melhorar sem pressão”, afirmou Gutierrez em conversa com a Prensa Latina.
“O mais importante é que fica claro que isso (aponta para a Constituição da República, que está em suas mãos) não é uma carta morta”, disse o delegado do círculo eleitoral após exercer seu direito de voto no colégio eleitoral do município de Praça da Revolução. O fato de os delegados municipais votarem para eleger o governador é algo sui generis de nossa democracia, disse o homem, talvez um dos religiosos mais midiáticos da Assembleia Nacional.
“Represento mais de 2 mil eleitores como delegado do distrito eleitoral e somos os únicos que podem eleger o governador”, afirmou. Questionado sobre se a maneira de escolher as autoridades provinciais é uma maneira de demarcar os interesses das pessoas, Gutierrez respondeu que não existe tal possibilidade.
“O presidente da República faz sua proposta, mas somos nós quem escolhe. Se ele não recebe 50% mais um dos delegados básicos não é eleito governador, conforme escrito na lei eleitoral e incluído em nossa Constituição”, observou. Ao se referir ao futuro, o representante municipal mencionou o que considerou os dois grandes problemas do país: o bloqueio e a subversão – que tenta acabar com a ordem constitucional.
Ele também lembrou a proximidade do dia das eleições com o nascimento do herói nacional cubano José Martí, em 28 de janeiro de 1853, a quem considerava o pai do processo revolucionário. “É universal! Muitos reivindicam a si mesmos, mas não há dúvida de que a paternidade de nossa Revolução é Martí quando foi dito que ele era o autor intelectual do ataque ao quartel de Moncada, para que a paternidade não seja removida por ninguém”, ele argumentou.
Já o delegado municipal Fidel Ernesto Hernández considerou que a eleição dos governadores permitirá melhorar o funcionamento das estruturas governamentais. “Com o nosso sistema, não há separação entre o povo e o governador – e esse compromisso deve ser maior”, explicou.
O dia em 167 municípios da nação do Caribe (com exceção do município especial de Isla de la Juventud, que não foi convocado por não fazer parte de nenhuma província) foi caracterizado pela participação maciça de delegados municipais. Em sua primeira parte, por votação, o Conselho Nacional Eleitoral (CEN) disse que abriu as 167 mesas de voto planejadas e a participação foi de 97,92%.
Os eleitos por votação direta e secreta tomarão posse nos próximos 21 dias, quando o CEN estiver disponível. Cada governo provincial será constituído pelos conselhos provinciais, compostos pelo governador, vice-governador, presidentes e vice-presidentes das assembleias municipais, além dos prefeitos (responsáveis ??pelos municípios e que serão eleitos em breve).
Com informações do Opera Mundi