Efeitos da liberação do FGTS terminam, e economia volta a patinar

Economistas admitem que os dados apontam uma retomada ainda frágil, o que pode afetar também as projeções para 2020

A interrupção dos resultados positivos dos indicadores econômicos da indústria e de serviços, além da frustração com o resultado do comércio em novembro, divulgados pelo IBGE nos últimos dias, põem em xeque a perspectiva de crescimento da economia brasileira para o quarto trimestre de 2019. Economistas admitem que os dados apontam uma retomada ainda frágil, o que pode afetar também as projeções para 2020.

A Pesquisa Mensal Industrial (PMI) apontou queda de 1,2% frente a outubro, interrompendo sequência de três meses consecutivos de alta mensal do indicador. Esse resultado se deveu, em grande parte, à crise na Argentina. No setor de serviços, houve retração de 0,1% em novembro, depois de dois meses seguidos no azul. No comércio, houve ganho de 0,6%, mas o ritmo de crescimento diminuiu. Foi o pior novembro desde 2016.

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Na quarta-feira, o banco Safra revisou sua estimativa de 0,7% para 0,5%, enquanto a gestora Novus Capital reduziu sua projeção de 0,6% para 0,4%. “Isso mostra uma economia ainda fraca, também por questões estruturais de baixa competitividade. Há uma recuperação cautelosa, mas os dados sinalizam que não é para ter essa euforia de retomada forte e consistente”, reconhece Sérgio Vale, economista da MB Associados.

Em relatório, o Banco BMG apontou que o desempenho da economia em novembro abre espaço para um novo corte de 0,5 ponto percentual da taxa básica Selic em fevereiro. “Isso corrobora a visão de que o PIB terá uma desaceleração no primeiro trimestre, assim que passarem os efeitos de estímulo do FGTS. O consumo cresceu forte no terceiro e no quarto trimestres, mas o nível está inflado devido à liberação do FGTS”, diz Luka Barbosa, economista do Itaú.

Segundo ele, em dezembro os indicadores que servem como prévia da atividade econômica apontam retração, como o fluxo de caminhões em rodovias pedagiadas (-1,8%), produção de veículos (-3,9%) e de papel ondulado (-0,2%). Com isso, o crescimento no quarto trimestre deve ficar em torno de 0,5% e, nos três primeiros meses deste ano, em 0,3%.

Analistas ressaltam que a volatilidade dos indicadores é natural em uma economia que ainda não ganhou tração. Os mais otimistas, observando a comparação anual, ainda creem que crescimento do ano passado seja em torno de 1,2%. Os números fechados de 2019 só serão conhecidos em março, mas já é certo que, pelo terceiro ano seguido, o crescimento continuará na mesma faixa, apontando uma semiestagnação.

Com informações do O Globo

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