TV Brasil censura matéria sobre os 50 anos de O Pasquim
A reportagem sobre a exposição “O Pasquim 50 anos”, em cartaz no Sesc de São Paulo, era do programa “Fique ligado” e nela foi suprimida a mensão à prisão de jornalistas do do jornal durante a ditadura militar.
Publicado 08/01/2020 14:11 | Editado 08/01/2020 14:49
O programa foi foi exibido na segunda-feira (6), e a censura foi sobre a prisão de nove jornalistas do Pasquim no episódio que ficou conhecido como a “Gripe do Pasquim”. O motivo alegado para a prisão foi a publicação, em 1970, de uma paródia do quadro “Independência ou morte”, de Pedro Américo. A charge reproduzia o quadro no qual Dom Pedro I era retratado dando o grito do Ipiranga, mas sua frase era “Eu quero Mocotó”, refrão do hit de Erlon Chaves, finalista do Festival Internacional da Canção naquele ano.
A história da prisão e uma fala de um dos curadores da exposição sobre o autoritarismo da ditadura estavam na reportagem que foi enviada pela sucursal de São Paulo, mas foram excluídas na edição em Brasília. No trecho excluído a repórter menciona que a sátira “irritou a ditadura militar”.
— Naquela época se prendia sem muita explicação, não podia falar que eles estavam presos então houve “uma gripe” no Pasquim. Nove ficaram fora, mas, de qualquer forma, o trabalho deles aparecia feito por outros — diz Fernando Coelho dos Santos, um dos curadores da exposição, na parte que foi retirada da reportagem.
Além disso, a declaração de uma visitante da exposição que diz que “faz falta” ter um jornal como Pasquim também foi excluída. Antes, o programa era produzido e apresentado de São Paulo, mas desde o início de dezembro sucursais passaram a enviar as matérias para Brasília, onde é feita a edição final e apresentação do programa.
Em nota, a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) não entrou no mérito da reportagem e alegou questões técnicas. Diz a empresa “A EBC esclarece que a matéria foi editada obedecendo aos critérios de tempo compatíveis com o programa Fique Ligado, que prevê reportagens curtas e dinâmicas. A Empresa reitera o zelo pela produção de um jornalismo preciso, isento e de qualidade”, diz o texto.
Da redação, com informaçĩoes de O Globo