Movimento 65: boa nova para 2020
Nos últimos dias deste ano velho, uma ideia nova – o Movimento 65 -provocou polêmica. A direita atirou-lhe pedras. Setores da esquerda, por sectarismo ou desinformação, jogaram quebranto contra ele. Mas o “65” , no âmbito campo progressista, emerge como alternativa promissora.
Publicado 30/12/2019 12:36 | Editado 30/12/2019 18:49
Próximo a completar cem anos de atividades ininterruptas, em março de 2022, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) lança um processo de aglutinação de amplas forças democráticas, populares e patrióticas, o Movimento 65, com vistas a fortalecer a oposição ao bolsonarismo, uma séria ameaça à Nação e a suas conquistas democráticas. As eleições municipais de 2020 são parte importante dessa resistência democrática.
O Movimento 65 deriva da orientação tática do PCdoB de, no correr da luta, se formar uma frente ampla tendo como bandeira central a defesa da democracia. O Partido adota essa diretriz para as eleições de 2020 e convida lideranças políticas e sociais para se candidatarem pelo “65”. Para tal, o requisito é um só: compromisso com a defesa da democracia, da soberania nacional e dos direitos do povo.
Qual é a polêmica, então? Nas redes sociais, apareceu uma caloura legião de pretensos arcanjos da tradição comunista que espalhou uma fake de que o PCdoB estaria abandonando sua identidade marxista e seus símbolos icônicos. Curioso é que esses arcanjos se calaram, ou foram coniventes, quando a direita aprovou a antidemocrática cláusula de barreira e o autoritário expediente da proibição de coligações proporcionais. Um e outro, como se sabe, visa a excluir do parlamento legendas programáticas e leais ao povo, como é caso do PCdoB.
Na verdade, com essa ação o PCdoB reafirma a sua identidade marxista-leninista, seu programa e seu compromisso histórico de, nos momentos mais difíceis do país, procurar caminhos que reúnam o máximo de forças comprometidas com os interesses da nação e com os direitos do povo. Trata-se, também, de uma proposta criativa, sagaz, para manter no parlamento a legenda comunista. Fato que é muito importante para o PCdoB e, também, para a democracia.
Esse pensamento está na sua base programática. É a defesa, em primeiro lugar, dos direitos dos trabalhadores, resultado de lutas heroicas em âmbito mundial, que se ligam à soberania da pátria e à democracia. E, para tais objetivos, é preciso ter força, o que exige presença no parlamento, estar à frente de governos, ter raízes nos movimentos sociais e ação fecunda na batalha de ideias.
Nessa síntese está o conceito de nação, muito caro para os comunistas. Todas as demais questões que formam o seu alicerce político e ideológico contêm lições e legados de movimentos como a Independência, a Abolição e a República. Os comunistas surgiram, como organização política e ideológica, da evolução desses saltos civilizatórios.
Com esse pensamento, o Partido Comunista do Brasil enfrentou a ameaça nazifascista, combateu ditaduras, inscreveu importantes artigos nas constituições de 1946 e de 1988, e participou com destaque dos governos progressistas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Desde que se iniciou a marcha golpista, o PCdoB defende a união de amplas forças democráticas e patrióticas diante do cenário que se consolidou com a eleição da extrema direita em 2018.
O Movimento 65 é a evolução desse pensamento. Nele estão esses princípios, uma ação política para a realidade sombria que se formou no país. O PCdoB entende que a defesa da democracia é a primeira condição para o propósito de apontar um novo rumo para o país. Em torno dela, é possível formar uma ampla frente patriótica, que tem nas eleições municipais de 2020 um grande desafio.
Da redação