Bolsonaro já divulga chapa com Moro em 2022: “Tem de ver se ele quer”

Em entrevista à Veja, presidente também chamou o governador e ex-aliado Wilson Witzel (PSC-RJ) de seu “inimigo número 1”.

Jair Bolsonaro admitiu, em entrevista à revista Veja, que trabalha com a possibilidade de formar uma chapa com o ministro da Justiça, Sergio Moro, para tentar a reeleição ao Planalto em 2022. Duas semanas depois de afirmar que “por enquanto” estava “casado, sem amante”, com seu vice, general Hamilton Mourão, o presidente deu a entender que a vaga já está à disposição do ex-juiz. “Tem de ver se ele quer”,

“Nós somos Zero Um e Zero Dois”, disse Bolsonaro sobre Moro. “Nunca entrei em detalhes com ele sobre esse assunto. Mas seria uma chapa imbatível.” Percebendo o desconforto da declaração, o presidente recuou e disse não querer “causar ciúme” em ninguém. “Daria um sinal de que não está satisfeito com o Mourão – e da minha parte está tudo tranquilo”, contemporizou. “O Moro não tinha uma vivência política. A cabeça dele enquanto juiz pensava assim: ‘Se eu fosse presidente, faria isso’. Agora ele conhece a realidade.”

De forma curiosa, Bolsonaro afirmou que seu “inimigo número 1” não é nenhum político de esquerda – mas, sim, o ex-aliado Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro e ultradireitista, como o presidente. De acordo com Bolsonaro, Witzel usa a Polícia Civil para tentar envolver ele e seus filhos no crime organizado.

“O governador botou na cabeça que vai ser presidente e tem de me destruir. Depois da história do porteiro e das buscas na casa da minha ex-mulher, ele está preparando uma nova armação”, declarou Bolsonaro à Veja. “Já sei que eles pegaram dois milicianos, sei lá quem, conversando e a Polícia Civil gravando. Tem vários diálogos falando que no passado eu participava das milícias, pegava dinheiro, e agora, presidente, não participo mais. Papo de vagabundo.”

Depois de hostilizar governadores do Nordeste, em especial o do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) – a quem chamou pejorativamente de “paraíba” –, o presidente disse que, agora, só tem ressalvas ao mandatário do Rio de Janeiro. “Recebo qualquer um dos governadores na hora que eles quiserem. O Witzel, não. Se ele quiser falar comigo, vai ter de protocolar o pedido de audiência e dizer antes qual é o assunto.”

Sem dar nomes ou provas, o presidente levantou suspeitas de ter sido traído por pessoas próximas a ele durante o processo eleitoral e insinuou uma conspiração no atentado sofrido em Juiz de Fora na campanha. “Meu sentimento é que esse atentado teve a mão de 70% da esquerda, 20% de quem estava do meu lado e 10% de outros interesses”, afirmou. Um “aliado” estaria por trás dessa improvável conspiração. “Tinha uma pessoa do meu lado que queria ser vice. O cara detonava todas as pessoas com quem eu conversava. Liguei para convidar o Mourão às 5 da manhã do dia em que terminava o prazo de inscrição. Se ele não tivesse atendido, o vice seria essa pessoa. Depois disso, eu passei a valer alguns milhões deitado”, afirmou Bolsonaro, sem indicar quem teria sido esse “aliado”.

Com informações da Veja e do O Globo