Brasil só perde para o Catar em concentração de renda, aponta Pnud
A vergonhosa desigualdade de renda no Brasil é um dos destaques do relatório de desenvolvimento humano divulgado nesta segunda-feira (9) pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Segundo o estudo, o País é o sétimo país mais desigual do mundo, ficando atrás apenas de nações do continente africano. Pior: em termos de concentração de renda, os brasileiros ficam na penúltima colocação. Apenas o Catar concentra mais renda entre o 1% mais rico da população do que o Brasil.
Publicado 09/12/2019 10:19
“A parcela dos 10% mais ricos do Brasil concentram 41,9% da renda total do país, e a parcela do 1% mais rico concentra 28,3% da renda”, diz o texto. No Catar, a parcela do 1% mais rico concentra 29% da renda do país. O levantamento tem como base o coeficiente Gini, que mede desigualdade e distribuição de renda. Segundo o Pnud, para esse indicador, zero representa igualdade absoluta e 100 representa desigualdade absoluta.
Os dados são de 2017, quando o Brasil era governado pelo presidente ilegítimo Michel Temer (MDB). Na ocasião, o índice de desigualdade no Brasil foi de 53,3 – valor igual ao registrado por Botsuana.
O país mais desigual do mundo é a África do Sul, que teve um índice Gini de 63. Lá, o apartheid, regime de segregação racial, vigorou por quase 50 anos. Entre os países no topo do ranking da desigualdade, estão Namíbia (59,1), Zâmbia (57,1), República Centro-Africana (56,2), Lesoto (54,2) e Moçambique (54) – todos do continente africano. Segundo o relatório, o Brasil é mais desigual do que países como o Paraguai (48,8).
Na outra ponta, com um índice Gini de 25, a Ucrânia é o país com menor desigualdade entre sua população. Belarus e Eslovênia, ambos com índice Gini de 25,4, também se destacam pela maior igualdade na distribuição de renda.
Apesar de ocupar o posto de sétimo país mais desigual do mundo, o Brasil tem um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) considerado alto, de 0,761 (quanto mais próximo de 1, mais alto é o desenvolvimento humano). Segundo o Pnud, o IDH mascara desigualdades. Por isso, eles criaram um índice que cruza dados de outras pesquisas para ajustar esse número.
O Brasil é o país que mais perde posições no ranking quando o IDH é ajustado às desigualdades sociais. O segundo país que mais perde posições é Camarões, que despenca 22 lugares quando feito o ajuste do IDH às desigualdades.
Betina Ferraz, chefe da unidade de desenvolvimento humano Pnud, demonstra preocupação com o alto índice de desigualdade verificado no Brasil. “O dado sobre desigualdade não piorou, nem melhorou – o que é muito ruim. Já é tão baixo que não tem como piorar”, afirma a economista. “Temos várias 'noruegas' dentro do mesmo país, ilhas de prosperidades.”