Publicado 07/12/2019 20:10
Conjuntura / 23:58 – 6 de dez de 2019Siga o Monitor no twitter.com/sigaomonitor
Ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça, em média, 2,3% ao ano entre 2021 e 2024, como espera o Fundo Monetário Internacional (FMI), aumentará menos da metade do previsto para os países emergentes, cuja expectativa é de 4,8%.
Entre 2011 e 2020, o Brasil deverá marcar taxa média anual de expansão de 0,8%, segundo reportagem da Agência Reuters. A Fundação Getulio Vargas (FGV) estima que, confirmadas as estimati-vas para 2019 e 2020, o Brasil terá a pior década de sua história econômica.
José Luís Oreiro, professor do Departamento de Economia da UnB (Universidade de Brasília), listou à agência três pontos que impedem o país de alcançar na década de 2020 um crescimento sus-tentado: o nível disponível no orçamento público para investimento em infraestrutura é baixo; a desindustrialização da economia doméstica; e o déficit em conta corrente. Nos 12 meses até outubro, o rombo é de 3% do PIB – pior dado desde dezembro de 2015 (-3,03%).
Em recente artigo, o economista Paulo Nogueira Batista Jr., que foi diretor executivo no FMI pelo Brasil e mais dez países, analisa que, se não houver choques de grande magnitude – por exemplo, uma crise financeira internacional ou, ainda, uma crise política no Brasil que desorganize tudo –, parece perfeitamente possível que a economia nacional consiga finalmente sair da casa de 1% para algo como 2% a 2,5% de crescimento, “talvez um pouco mais”.
Batista Jr. credita esta melhora a uma “mudança silenciosa da política econômica brasileira desde meados do ano”. O Ministério da Economia se afastou do fundamentalismo de mercado e adotou medidas como a redução da taxa Selic, acionou a Caixa para reduzir o custo e ampliar a oferta de crédito e liberou recursos do FGTS.
Além disso, “introduziu-se o 13º salário para a Bolsa Família e os recursos com os leilões do pré-sal foram usados para descontingenciar gastos federais; e a sua distribuição para estados e municí-pios favorecerá a ampliação do gasto público, particularmente em um ano eleitoral como 2020”, afirma Paulo Nogueira. O movimento governista foi chamado de “keynesianismo envergonhado” por Nelson Barbosa em artigo publicado na Folha de S.Paulo.