Investimento público, emprego e desenvolvimento
A crise econômica que o Brasil atravessa é muito grave, mas não apenas pela queda brutal do PIB de 2015 e 2016 e crescimento zero nos anos seguintes, mas pela falta de perspectivas e pelos caminhos que o país vem traçando para superá-la. São longos cinco anos e o que se verifica hoje é um desalento crescente no cenário econômico, especialmente entre os trabalhadores, vítimas maiores da crise.
Publicado 18/11/2019 14:20 | Editado 04/03/2020 16:55
João Alberto Costa Faria*
O Estado, peça fundamental não apenas na regulação, mas, sobretudo, na formulação da política e agente indutor da dinâmica econômica, já decidiu que não é com ele, deixando a roda da economia nas mãos do chamado “mercado”. Erro grave! Na relação desigual entre os fatores de produção, a ausência do Estado atenta contra a economia, transformando-a numa selva, em que sempre perdem os mais fracos e ganham os mais fortes. No Brasil é possível verificar que em curto intervalo de tempo a desigualdade cresceu de maneira extravagante e com perspectivas bastante sombrias para o futuro próximo.
Reduzir o tamanho do Estado e dos gastos públicos jamais fez crescer economia nenhuma. Num país como o nosso, campeão mundial da desigualdade, o investimento público é porta de saída da crise e geração de perspectivas de crescimento e retomada do emprego. O governo que nasceu das eleições de 2018 já disse a que veio. A ideia é diminuir o Estado, vender ativos estratégicos e de grande valor econômico, reduzir drasticamente recursos para investimento, extinguir programas sociais e retirar direitos. Receita perfeita para o caos e para tirar o Brasil do mapa dos países que apontam para o futuro.
Na contramão da onda privatizante e de redução do papel do Estado ao mínimo, assistimos no Nordeste um movimento contrário, invertendo a lógica e mantendo o investimento público, fazendo a roda da economia girar e aliviando os efeitos da crise, especialmente entre os mais pobres.
A Prefeitura do Recife neste aspecto é exemplo para o Brasil. Aqui o investimento público mantém-se na prioridade, com obras de construção de escolas e creches, hospitais e postos de saúde, Compaz, contenção de encostas, calçamento de vias, requalificação de passeios, ciclovias, entre outros. Investimentos estruturadores que geram empregos diretos e dinamizam a economia, além de garantir a melhoria na qualidade de vida do povo.
Além disso, o Programa Chegando Junto prioriza ações que visam combater a pobreza e gerar renda nas comunidades, através das Frentes de Trabalho, minicursos profissionalizantes, renda por APP e outras ações voltadas para atender aos mais carentes, como a construção de restaurantes populares e um abrigo noturno.
A crise é para todos, mas cada um a encara do seu jeito. Optamos pela manutenção dos investimentos que geram renda, empregos e desenvolvimento e pela criação de novas ações voltadas para minorar os efeitos de uma crise cuja conta está sendo paga pelos mais pobres. É a escolha a fazer!
Publicado originalmente no Diario de Pernambuco.
(*) João Alberto Costa Faria é economista, presidente da URB Recife e dirigente do PCdoB.