Semana Vermelha: Bolsonaro não tem mais a unidade dos golpista
A unidade da direita para o golpe de 2016 se esgarça sob o governo Jair Bolsonaro (PSL) e seu velhíssimo e anacrônico balcão de negócios na política. Veja o que o Portal Vermelho noticiou na semana de 12 a 18 de outubro.
Publicado 19/10/2019 23:02
Bolsonaro e a velha política do é dando que talvez se receba – O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), disse que o presidente Jair Bolsonaro está “comprando” deputados com “cargos e fundo partidário” para tornar seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), líder da bancada. A acusação foi feita em entrevista ao Estadão. Ele disse que o governo está parado, “não existe”, pois está focado na crise da legenda. O deputado repete o xingamento que fez em reunião fechada. “Eu não menti. Ele me traiu. Então, é vagabundo”, afirmou. A certa altura da entrevista, o deputado admite o risco de impeachment de Bolsonaro: “Isso temos de aguardar. Quem decide isso é o Parlamento. Se algum partido fizer uma proposta, cabe ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se leva para plenário ou não. Não é decisão minha. Eles precisam analisar se compra de parlamentares para votar a favor do filho é motivo de cassação do presidente. Isso depende de outros fatores”.
Lava Jato protegeu Temer antes do golpe de 2016 – Conversas entre procuradores da Lava Jato no Telegram, divulgadas pelo The Intercept revelam que a procuradoria teve em mãos informações que poderiam levar a uma investigação de Michel Temer por suspeita de corrupção. Isso ocorreu duas semanas antes do golpe que Michel Temer à Presidência. Os procuradores consideraram que as declarações não atendiam ao “interesse público” e não aceitaram a proposta de delação contra Temer. A delação rejeitada em abril 2016 foi feita pelo empresário José Antunes Sobrinho, da construtora Engevix, que relatou um pagamento de propina para Temer no valor de R$ 1 milhão.
A ameaça do general Villas Boas – O ex-comandante do Exército Brasileiro e atual assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional, general Villas Bôas, tuitou uma mensagem que pode ser interpretada como intimidação ao STF, a respeito do julgamento das ADCs 43, 44 e 54, que questionam a execução de pena após condenação em segunda instância. Não é a primeira vez que o militar da reserva se manifesta às vésperas de um julgamento do Supremo. Em 2018, quando os ministros julgaram pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula, ele também se manifestou em tom ameaçador.
Base parlamentar de Bolsonaro vira pó – A crise no PSL atinge a articulação política do governo Jair Bolsonaro e impôs derrotas a ele. Foi chamado de “vagabundo” pelo líder do partido na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO), e, num contragolpe, tirou a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) da liderança do governo no Congresso. Na Câmara e no Senado, a avaliação é a de que o racha entre Bolsonaro e o presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), pode respingar na agenda do governo no Legislativo. O sentimento geral é de que, com a nova mudança nos quadros da articulação política, o governo terá de reconstruir o diálogo com deputados e senadores.
A confissão do laranjal do PSL – A deputada federal Dra. Soraya Manato (PSL-ES) confessou que seu partido usou, na eleição de 2018, candidaturas laranjas: “Aqui no PSL tiveram candidatos laranja, mas a grande maioria foi eleita honestamente”, disse.
Deltan e os bancos suspeitos – Deltan Dallagnol teve um “bate-papo secreto” com bancos que são réus na ação coletiva ajuizada contra a Petrobras nos EUA. O encontro foi bancado pela XP Investimentos. A conversa aconteceu em São Paulo em junho de 2018, de acordo com informações divulgadas pelo site The Intercept Brasil. Segundo a consultora, participariam do encontro representantes de bancos que são réus, como JP Morgan, Morgan Stanley, Merrill Lynch, Itaú e Bradesco.
A crítica de deputados do PSL a Bolsonaro – Depois do vazamento de um áudio de Jair Bolsonaro articulando a substituição do líder do PSL, Delegado Waldir, por seu filho Eduardo Bolsonaro, agora veio à tona a gravação de uma tensa reunião entre parlamentares do partido. A insatisfação é tamanha que Bolsonaro chega a ser tratado como “vagabundo”.
PSL perde em quase todas as eleições municipais suplementares deste ano – Desde que, há um ano, Jair Bolsonaro foi eleito presidente, 43 cidades brasileiras realizaram votações para definir os sucessores de prefeitos que tiveram o mandato cassado pela Justiça. O PSL venceu em apenas duas.
Manipulação da Lava Jato contra Lula – Procuradores da Lava Jato fizeram um cálculo corporativista e midiático para a divulgação da denúncia contra Lula no caso do sítio em Atibaia. Em maio de 2017, eles decidiram publicar a acusação para distrair a população e a imprensa das críticas contra a Procuradoria-Geral da República, mostram discussões no aplicativo Telegram entregues ao site The Intercept Brasil por uma fonte anônima.
Os ricos cada vez mais ricos. E os pobres… – Pesquisa divulgada pelo IBGE mostra a brutal concentração de renda no Brasil, depois do golpe de 2016. A renda média mensal do 1% mais rico foi, em 2018, quase 34 vezes maior que da metade mais pobre. Os mais ricos tinham ganhos mensais de R$ 27.744, enquanto os 50% mais pobres ganhavam R$ 820. Desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff, a desigualdade avança. Na comparação com 2017, houve um aumento de 8,4% na renda das pessoas mais ricas – e, para piorar, uma queda nos ganhos das classes que formam os 30% mais pobres.