Senadores serão cobrados nos estados contra mudanças na aposentadoria
Quase 900 sindicalistas, senadores e deputados federais realizaram nesta terça-feira (3) o Ato Contra a Reforma da Previdência, no auditório Petrônio Portela, no Senado. Organizado pela Frente Parlamentar Mista em defesa da Previdência Social, o evento suprapartidário conclamou os presentes para a necessidade de uma maior pressão sobre os senadores nos seus Estados a fim de evitar danos maiores na votação da proposta naquela Casa.
Por Iram Alfaia
Publicado 03/09/2019 16:38
“Olha não dá pra jogar a toalha nunca, né? Nós vamos pelear até o último minuto fazendo com que os piores prejuízos sejam retirados, já retiramos alguns, mas no mínimo em dez pontos nós temos que brigar para ver se conseguimos algumas alterações”, disse ao Vermelho o senador Paulo Paim (PT-RS).
Segundo ele, é preciso pressionar os parlamentares nos estados. “São três senadores por estado. A população precisa se mobilizar para conversar com eles”, diz.
Entre os prejuízos mais acentuado, Paim afirmou que é um absurdo querer que aposentados e pensionista ganhem menos que um salário mínimo.
“Ninguém pode ganhar menos que um salário mínio. Segundo, o cálculo do benefício ser toda a vida laboral dá um prejuízo de 10% a 30% e as aposentadorias por invalidez são alguns dos absurdos que nós devemos fazer de tudo para que se mude”, argumentou.
O diretor jurídico da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Mário Teixeira, que representou a entidade no evento, ressaltou que o Senado existe como casa revisora da Câmara dos Deputados
“O Senado existe para rever as posições. Não podemos concordar com essa ideia de emendas supressivas. Nós temos aí uma proposta que vai levar os trabalhadores a morte antes de se aposentar”, criticou, fazendo referência as emendas pelas quais altera apenas o texto e não obriga que a matéria retorne para a Câmara.
O dirigente nacional e presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, diz que tudo vai depender da correlação de forças.
“Claro que esse diálogo precisa acontecer dentro do Senado, mas paralelamente precisa acontecer em nível de cada estado, porque simplesmente essa articulação por cima não surtirá efeito se não tivermos uma pressão por baixo”, defendeu.
Para ele, é preciso atacar os pontos nevrálgicos da proposta como a questão da idade; o fim da aposentadoria por tempo de contribuição, que é a exclusão dos 20% dos menores salários; e a questão das atividades consideradas especiais e perigosas, que na verdade foram relegadas a um segundo plano.
Mobilização nos estados
“Tenho de dizer que se nós não fizermos mobilizações nesse tempo que nos resta essa reforma vai ser um drama. Temos que partir para cima deles contra a pensão por morte menor que um salário mínimo e fim das aposentadorias especiais (…) Nós vamos cumprir nossa parte, somos pouco da oposição, precisamos cobrar especialmente aqueles que estão na base de sustentação do governo. Por isso, vamos aproveitar os 30 dias que nos restam para pressionar cada senador nos estados”, discursou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que o Senado não pode ser um “cartório de homologação” daquilo que vem da Câmara. “Isso porque o que vem da Câmara arrebenta a economia desse país.
“Conseguimos impedir atrocidade contra trabalhador rural, a desconstitucionalização do processo e capitalização (…) Mesmo assim, é uma reforma tirânica”, disse.
Para a deputada Lídice da Mata (PSB-BA) há condições no Senado de diminuir os efeitos negativos sobre a vida dos trabalhadores. “Não é uma luta que depende apenas da ação de parlamentares, mas se dá nas ruas num grande trabalho de mobilização sobre os senadores”, disse.
A senadora Zenaide Maia (PROS-RN) criticou a forma acelerada de apreciação da matéria no Senado. “A Câmara teve cinco meses e nós vamos ter apenas um, isso é um absurdo”, protestou.
“São só três senadores por estados. Não é trabalho difícil. Não estou propondo agressões, mas argumentações para conquistar essas pessoas pra cá, mostrando emenda que foram colocadas para que a gente possa compor uma maioria”, defendeu o senador Jaques Wagner (PT-BA).
O Senador Paulo Rocha (PT-PA), líder do Bloco Parlamentar da Resistência Democrática, propôs mobilização nos aeroportos e nos escritórios dos senadores nos estados.
Um dos momentos empolgante do evento foi durante a fala da coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Rosangela Piovizani Cordeiro, que defendia maior inclusão no sistema previdenciário.
Ela foi interrompida por um grupo de mulheres que, na posse de uma corrente, passaram a gritar a palavra de ordem: “Essa reforma é opressora tira o direito da mulher trabalhadora”.