Alexandre Frota admite que sabia de fake news pró-Bolsonaro na eleição
Em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) afirmou, nesta segunda-feira (10), que sabia da existência de uma campanha de propagação de notícias falsas – as chamadas “fake news” – para beneficiar o então candidato Jair Bolsonaro. Recém-saído do PSL – partido do presidente –, ele agregou que descobriu a armação pelo que lia e como via os ataques nas redes sociais. “Sabia que era um jogo de campanha. Faz parte do jogo. É um jogo sujo”, disse.
Publicado 20/08/2019 11:31
O deputado voltou a afirmar que Bolsonaro mudou muito após assumir o Executivo federal. Segundo ele, o presidente abandonou muitos de seus discursos, como o de que não deixaria “soldados feridos”. Frota afirmou que Bolsonaro teria feito isso com o ex-ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral); o deputado Julian Lemos, que foi coordenador da campanha presidencial; e o ex-senador Magno Malta, amigo pessoal do presidente. Sobre Malta, Frota disse que logo após o resultado das eleições o então congressista –que não foi reeleito– não entrava mais na casa de Bolsonaro. “Não foi o Jair que eu conheci.”
Frota disse ainda que foi “alvejado pelas costas”, mas que não se arrepende do papel na campanha e no governo. Afirmou que surfou, sim, na onda Bolsonaro, e que isso o ajudou a ser eleito e vice-versa. “É obvio que eu surfei na onda do Bolsonaro, ia surfar na do Haddad? Não”, disse Frota, referindo-se ao candidato petista.
Frota afirmou que “muitos também não enxergaram” a tal mudança do presidente. Depois disso, citou os generais, que de acordo com ele, teriam sido “humilhados”, como o ex-ministro Santos Cruz (Secretaria Geral), o porta-voz Otávio Rêgo Barros e até o vice-presidente, Hamilton Mourão. Segundo Frota, os 2 últimos “sumiram do mapa”.
O deputado também fez ataques a dois ministros do governo: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Damares Alves (Mulher, Cidadania e Direitos Humanos). Sobre o chefe do Itamaraty, o tucano disse que ele é muito ideológico e que não gosta deste tipo de atitude. Já sobre Damares, afirmou: “O que eu posso falar de uma senhora que durante 30 anos teve problema com o Pica Pau, problema com o Popeye e acha que o personagem do Frozen é gay?”.
Frota opinou sobre o chefe da pasta de Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Para o congressista, as conversas reveladas em reportagens do site The Intercept Brasil, na série conhecida como Vaza Jato, são graves: “Foi muito ruim para todo mundo. Se tratando do Moro e de como isso aconteceu, acho que é grave. Um juiz falando com promotor, ainda que não tenha dado nenhum tipo de informação mais contundente, é grave pelos personagens que estão envolvidos”.
O deputado disse que, se confirmadas, as conversas da Vaza Jato podem levar à anulação de processos como o do ex-presidente Lula. Considera que Moro “vem perdendo força e espaço no governo” e citou a lentidão da tramitação do pacote anticrime na Câmara. “Bolsonaro, quando quer deixar o Moro mais alegre, leva no jogo do Flamengo e põe uma camisa do Flamengo nele”, ironizou o deputado.
Agora filiado ao PSDB, Frota disse que não vai tomar posição sobre o pedido de expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG). “É problema da Executiva nacional do partido”, afirmou o recente tucano. Perguntado se sua atuação em prol do golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff não o faria ter posicionamento semelhante na questão do ex-candidato tucano à Presidência, Frota bateu na mesma tecla: “Só se a nacional pedir. Senão, não faço nada”.