Parlamentares reagem às agressões de Bolsonaro contra governadores
Jair Bolsonaro voltou a despertar os ânimos de parlamentares, nesta terça-feira (6), ao afirmar que governadores do Nordeste agem para “dividir o país”. A fala, durante uma entrevista concedida ao Jornal O Estado de S. Paulo em sua passagem pela cidade de Sobradinho (BA), acontece um dia depois de o presidente afirmar que condicionará verbas destinadas ao Nordeste ao reconhecimento das lideranças da região.
Publicado 06/08/2019 12:12
“Presidente Jair Bolsonaro com sinais de distúrbios graves. Se mostrando mais que autoritário, mais que arrogante. Atitudes dele cada vez mais inadequadas a um presidente da República”, criticou o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA).
No dia em que a Câmara dos Deputados se prepara para retomar a votação do segundo turno da Reforma da Previdência, o discurso também despertou a reação do ex-ministro do Esporte, deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). “Bolsonaro mente que nem sente. Depois de chamar os nordestinos de "paraíbas" e ordenar a discriminação ao Maranhão nas políticas federais, agora vem dizer que são os governadores do Nordeste que querem dividir o país. Bolsonaro não é mito, é mitômano!”, disse.
Na avaliação do líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), é lamentável que falas preconceituosas sejam difundidas pelo presidente. “Nenhum governador é dono da região, mas a união dos estados visa defender o povo nordestino contra a onda de preconceito e ódio amplamente difundida pelos preconceitos do presidente”, afirmou.
Na opinião de Érika Kokay (PT-DF), a divisão nacional se deve justamente às recentes falas do Presidente. “Bolsonaro volta a falar asneiras em entrevista ao Estadão. Acusa governadores do Nordeste de quererem dividir o país e criar uma Cuba no Brasil. Ora, quem está dividindo o Brasil é o discurso de ódio e de violência emanado do Palácio do Planalto”, retrucou a deputada.
As controversas falas do presidente a respeito do Nordeste começaram no último dia 19 de julho, após Jair Bolsonaro se referir aos governadores da Região como “paraíbas”. O tom pejorativo rendeu a apresentação de uma representação, junto ao Ministério Público Federal (MPF), por parte de um grupo de parlamentares de diferentes partidos, além de despertar a reação de representantes estaduais, que assinaram, conjuntamente, uma carta de repúdio contra o chefe de Estado.
Na semana seguinte, os nove governadores nordestinos formalizaram a criação do Consórcio Nordeste, uma espécie de bloco comum que viabilizará parcerias entre os estados. A iniciativa também foi alvo de críticas durante sua passagem pela cidade baiana, que acusou as lideranças de “fazerem politicalha” e quererem transformar o Nordeste “em uma Cuba”.