Publicado 09/07/2019 16:19
Neste momento é absolutamente legítimo que façamos uma análise mais aprofundada do desenvolvimento do seu trabalho à frente da nação, não cabendo mais a retórica de que nada avançou devido à herança recebida. É verdade que Bolsonaro não construiu a crise que vivemos. Ela vem de Dilma/Temer, mas é dele a responsabilidade por encaminhar as soluções. E ele caminha para agravar a crise.
Desenvolvi para os primeiros cem dias de governo – e atualizei agora para os 180 dias – o “Observatório Trabalhista”, uma ferramenta para acompanhamento dos principais indicadores do Brasil. Para fugirmos de questões moralistas ou cortinas de fumaça, analisamos em uma perspectiva histórica o desenvolvimento da economia, desemprego, investimentos em saúde, segurança pública, educação, meio ambiente e cultura. O que pudemos observar é que, com a falta de um projeto para o país, nada tem sido feito para amenizar as crises que vivenciamos hoje. Principal problema no Brasil, a geração de empregos não apresenta sinais de melhora. Temos mais de 13 milhões de desempregados e quase 30 milhões de pessoas subutilizadas, ou seja, trabalhando menos do que poderiam. Nossa indústria, que geraria mais empregos, segue definhando e os indicadores do nível de atividade econômica estão convergindo para o crescimento zero. Mais do que isso, nesses 6 primeiros meses, vimos uma barreira para importação de leite da Europa ser derrubada, afetando milhares de produtores de todo país, além da liberação no mínimo “esquisita” da importação do trigo americano, praticamente liquidando a pouca produção que temos.
Tema principal durante sua campanha, a segurança pública tem o pior orçamento executado desde 2012. E assistimos mais de 63 milhões de pessoas com nome sujo no SPC e Serasa, e, um dado novo, mais de 5 milhões de pequenas empresas estão inadimplentes. Não há portanto, cenário qualquer de mudança na economia, crescimento e nem resolução para os dramas que nosso povo vive.
Tão grave quanto a falta de projeto, é a entrega das nossas riquezas ao capital estrangeiro. Este governo, amparado em um grupo de militares que vergonhosamente violam uma tradição nacionalista centenária, desestrutura e fatia a Petrobras para entrega a outras nações, além de ter aceitado a venda de um tesouro nacional, que é a Embraer, para a Boeing. Duas empresas ricas em conhecimento e potenciais para geração não só de recursos, mas de empregos e uma verdadeira emancipação para nosso povo. A pergunta é: a troco de quê? Não tenho dúvida que um dia ainda tomaremos conhecimento de prováveis subornos. Além disso, no plano das relações exteriores vimos de forma vexatória Bolsonaro rastejar atrás do presidente norte americano Donald Trump, colocar um general brasileiro subordinado ao comando dos Estados Unidos e se propor a abrir mão do título de país em desenvolvimento em troca de uma entrada pouco provável na OCDE.
Não é possível aceitar isso de forma passiva, sem denunciar. Tenho andado todo o país de Norte a Sul, para ajudar nosso povo a entender que estes assuntos são gravíssimos para o nosso futuro.
Se não bastasse a falta de projetos e o entreguismo, para acentuar a tragédia, esse governo vive uma bagunça que é imperdoável no comando de um dos países mais importantes do mundo. Vimos de quase tudo, filhos do presidente interferindo nos mais diferentes assuntos, ministros patéticos e inúmeras declarações do presidente e de ministros que logo em seguida foram desmentidas. Isso não credibiliza o governo e apenas aprofunda a percepção da população que o futuro será ainda mais difícil. A péssima avaliação do presidente e do governo pelos institutos de pesquisa é um sinal claro que o capital político de Bolsonaro está indo pelo ralo.
Para completar, no meio desta maluquice, o governo apresentou uma proposta da reforma da previdência que ataca os mais pobres e a classe média de forma muito pesada. Na versão do governo, a reforma vai resolver todos os problemas do Brasil, criar empregos e reduzir a dívida pública. Uma mentira que terá perna tão curta quanto o que, acredito, terá o governo Bolsonaro. O que nos resta, a todos e todas, é vigiar e lutar contra as ações que comprometerão o futuro do Brasil.