História da mulher maranhense que enfrentou o trabalho escravo

No mês em que o Brasil comemora a abolição da escravatura, em 13 de maio, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a ONG Repórter Brasil, lembra o ativismo da maranhense Pureza Lopes Loiola, que passou três anos à procura do filho Abel, desaparecido em 1993 após ser aliciado por agentes do trabalho escravo.

Do site das Nações Unidas

g

Pureza percorreu o interior do Maranhão e do Pará, numa peregrinação por garimpos, carvoarias, madeireiras e plantações. À época, o Estado brasileiro ainda não reconhecia a existência de formas análogas à escravidão. Assista ao vídeo aqui.

Em 1993, Pureza Lopes Loiola deixava para trás a vida em Bacabal, no Maranhão, para começar uma busca obstinada pelo filho Abel, desaparecido após sair de casa à procura de emprego. O jovem de 18 anos não voltou mais, e o sumiço despertou suspeitas de que o rapaz tinha sido aliciado por agentes do trabalho escravo.

Ao longo de três anos e dois meses, Pureza percorreu o interior do Maranhão e do Pará, numa peregrinação por garimpos, carvoarias, madeireiras e plantações. De pista em pista, tentava descobrir o paradeiro do filho. Pela viagem, ouvia as histórias de trabalhadores que viviam sem liberdade, sob as ameaças de produtores rurais criminosos.

Com base nos depoimentos e nas informações que colhia, Pureza encaminhou denúncias ao governo federal. E a jornada de uma mãe que só desejava rever o filho transformou-se em símbolo da luta contra a escravidão contemporânea.

À época, o Brasil ainda não reconhecia o trabalho escravo em seu território. O Estado só admitiria a existência do problema em 1995, ano em que foram criados mecanismos de fiscalização para investigar casos de exploração. Desde então, mais de 53 mil pessoas foram resgatadas da escravidão no país, segundo dados coletados pela Inspeção do Trabalho do Ministério da Economia.

Em 1996, Pureza conseguiu finalmente reencontrar Abel. Um ano mais tarde, a luta da brasileira ganharia projeção internacional. Pureza foi escolhida para receber o prêmio anual da instituição britânica Anti-Slavery International, considerada a primeira ONG do mundo, criada em 1839 por abolicionistas do Reino Unido.

No mês em que o Brasil comemora a abolição da escravatura, em 13 de maio, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a ONG Repórter Brasil, lembra a trajetória de Pureza Lopes Loiola para destacar que esforços pelo fim de formas inaceitáveis de trabalho e pela busca do trabalho decente ainda são atuais e necessários.