Marcelo Ramos diz que seu papel não é formar maioria para o governo
Em entrevista ao Portal Vermelho, o deputado Marcelo Ramos (PR-AM), presidente da Comissão Especial que analisa a Reforma da Previdência enumerou alguns pontos da proposta do governo que acha difícil de prosperar durante a apreciação da matéria.
Por Iram Alfaia
Publicado 06/05/2019 11:25
São eles: mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC – pago aos idosos e deficientes pobres), na aposentadoria rural e dos professores, bem como a capitalização, que seria o fim da previdência pública e criação de poupança individual nos bancos.
Ramos afirma que vai conduzir os trabalhos respeitando as diferentes posições. “Meu papel não é construir maioria para aprovar reforma do governo, o meu papel é conduzir os trabalhos para que a Câmara chegue ao momento de decidir”.
“A capitalização pura do jeito que está lá não vejo muita chance de prosperar”, disse Marcelo Ramos, deputado amazonense. Ele acredita que na comissão haverá um debate para formação de um regime híbrido, contemplando parte da proposta do governo.
Quanto as demais propostas que ele vê com alto potencial de rejeição, o deputado acha que o próprio governo ajudou a derrubar. “Quando o presidente fala que pode abrir mão disso, ele já derruba a possibilidade. Ele já deu várias declarações sobre os temas”, diz.
Por outro lado, Ramos defende a retiradas dos pontos. “Nós não temos o direito de fazer equilíbrio fiscal pedindo sacrifício de um idoso ou de um deficiente de baixa renda. Nós não podemos pedir sacrifício a um trabalhador rural. Então nós precisamos fazer esses ajustes, essa calibragem, que é a palavra que estou usando”, afirmou.
O presidente da Comissão Especial também quer afastar o entendimento de que ele teria compromisso com o governo em trabalhar pela aprovação da proposta.
“Eu não fui eleito líder do governo na comissão, eu fui eleito presidente da comissão. O meu papel não é construir maioria para aprovar reforma do governo, o meu papel é conduzir os trabalhos para que a Câmara chegue ao momento de decidir”, argumentou.
Ele ainda garantiu que conduzirá os trabalhos respeitando a oposição, garantindo todos os instrumentos de obstrução regimental que esse segmento tem direito. “Reconhecendo, porque já estive do lado de lá, que as vezes é preciso criar um fato político, mas deixando claro a eles que eu tenho uma missão: fazer a reforma ser colocada em votação”, avisou.
“De jeito nenhum”, foi o que respondeu Ramos ao ser questionado se não teme sofrer desgaste ao ter sua imagem associada ao governo Bolsonaro.
“Tenho dado declarações reiteradas de que tenho um mandato independente. Não tenho simpatia por esse governo, todo mundo sabe disso. Não tenho simpatia pela forma deles de governar, pela forma como eles encaram a relação com a população. Não enxergo neles um projeto político consistente de construção de um futuro de retomada de crescimento para o país, na educação, na saúde, em setores fundamentais. Então, tenho severas restrições a esse governo”, finalizou.