Facebook bane extrema direita na Inglaterra

As ações do Facebook foram anunciadas uma semana depois que o governo britânico divulgou um plano para fazer do Reino Unido “o lugar mais seguro do mundo para navegar na internet”.

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O site da revistas Veja informa que o Facebook baniu grupos britânicos de extrema direita. Na última semana, o governo do Reino Unido lançou um plano pedindo que a empresa se responsabilizasse pelo conteúdo propagado na plataforma. A punição inclui legendas como o Partido Nacional Britânico (BNP) e o Britain First e o grupo islamofóbico English Defence League (EDL).

Segundo a matéria, a intervenção do Facebook representa uma mudança na antiga política da rede social. Até pouco tempo atrás, a empresa se esquivava da responsabilidade por discursos de ódio propagados em sua plataforma. A proibição contra os conservadores britânicos não se restringe aos indivíduos e grupos listados: qualquer conteúdo de apoio a eles também será excluído, assim como os usuários que coordenarem ações a seu favor.

O texto também diz que a nova manobra é a última em uma série de sanções da rede social contra protagonistas de discursos extremistas conservadores. O primeiro afetado foi o ativista de extrema direita Tommy Robinson, banido do Facebook em fevereiro deste ano. No mês seguinte, pouco depois do atentado às mesquitas de Christchurch, na Nova Zelância, a empresa de Mark Zuckerberg passou a condenar todas as postagens com apologia à “supremacia branca” e ao “separatismo branco.”

Segundo o comunicado publicado na quinta-feira, segundo a matéria da Veja, doze indivíduos foram banidos do Facebook: o BNP e seu ex-líder, Nick Griffin; o partido Britain First, seu líder Paul Golding e sua ex-vice-líder Jayda Fransen; o EDL e um de seus fundadores, Paul Ray; o grupo virtual Knights Templar International e o ativista de extrema direita Jim Dowson; o partido Frente Nacional Britânica, matriz enfraquecida do BNP, e seu líder Tony Martin; e o ativista de extrema direita Jack Renshaw, o antigo porta-voz da organização neonazista National Action.

Pretensões legislativas

Em seu comunicado, o porta-voz da rede afirmou que “indivíduos e organizações que espalham o ódio, atacam ou pedem a exclusão de outros com base em quem eles são, não tem lugar” nos sites da companhia, incluindo o Instagram na decisão. Segundo o jornal britânico The Guardian, a parlamentar trabalhista Yvette Cooper, presidente da comissão de assuntos internos, comemorou a decisão “tardia mas necessária.”

“Estas medidas são um primeiro passo necessário, mas devem ser acompanhadas de uma regulação independente e de multas significativas para as companhias que não lidarem com conteúdo ilegal, violento e extremista dentro de um certo prazo.” As ações do Facebook foram anunciadas uma semana depois que o governo britânico divulgou um plano para fazer do Reino Unido “o lugar mais seguro do mundo para navegar na internet”, diz o texto da Veja.

Em um documento com suas pretensões legislativas, as autoridades sugeriram que plataformas como a de Zuckerberg deveriam ser responsabilizadas não apenas por remover conteúdo ilegal, como pornografia infantil, mas também as postagens “legais mas ofensivas”, como notícias falsas, cyberbullying e promoção de automutilação e suicídio.

Argumento anticomunista

De acordo com a matéria, o único a exercer o direito de resposta oferecido pelo Guardian, o representante do Knights Templar International se disse “horrorizado” com a decisão desta quinta e afirmou estar procurando vias jurídicas para revogá-la. “O Facebook julgou nossa organização cristã como sendo perigosa e tirou nossa plataforma apesar de nunca termos sido nem ao menos processados, quem dirá condenados, por algum tipo de crime”, escreveu o porta-voz. “Esta decisão faria inveja aos soviéticos”, reagiu o extremista de direita, com o surrado argumento anticomunista.

A decisão de banir cinco dos grupos mais proeminentes da extrema direita britânica mostra uma evolução em relação a antiga posição do Facebook, diz a matéria da Veja. Em 2016, uma campanha denunciou táticas escusas do Britain First, um partido então recém-registrado, para impulsionar postagens islamofóbicas para milhões de usuários da rede social. Rapidamente a nova legenda se tornou a mais popular do Reino Unido na plataforma.

Quando questionada sobre os malefícios do fenômeno, o Facebook defendeu que sua rede servia para “partidos e apoiadores de diversos espectros políticos fazerem campanha por aquilo desperta sua paixão.” “Como outros indivíduos e organizações em nossa rede, eles devem apenas aderir às regras da nossa comunidade que já estabelecem os limites aceitáveis de comportamento e conteúdo.” Dois anos depois, o Britain First foi um dos primeiros banidos do site.