De Olho no Mundo, por Ana Prestes

Um resumo diário das principais notícias internacionais

Mangueira
– O Carnaval brasileiro é uma das maiores festas populares do planeta e só por isso já tem mídia internacional constante ano após ano. Mas o presidente de turno conseguiu fazer com que a imprensa internacional desta vez se ocupasse de um vídeo pornográfico postado por ele no Twitter. As imagens capturam um momento isolado, não datado e não sinalizado quanto à localidade em que ocorreu como marca do carnaval brasileiro.  O NYT ironizou na manchete: “Presidente brasileiro Bolsonaro posta vídeo com golden shower. Comentários jorram.” O Independent: “Presidente Bolsonaro tuíta “o que é golden shower?” após postar vídeo explícito de um homem urinando na cabeça de outro”. O El País: “Bolsonaro tuíta vídeo obsceno de Carnaval e desata polêmica no Brasil”.
 
– Felizmente a vitória da Mangueira no Rio salvou a pátria, embora ainda não tenha tido muita repercussão na imprensa internacional. Esperamos que até amanhã seja essa a notícia mundo afora sobre o carnaval brasileiro. O desfile da Mangueira foi marcado pelo reconhecimento de negros, negras, índios e índias como os grandes heróis e heroínas da história brasileira. Homenagens a Marielle, cuja morte completa um ano em poucos dias foi destaque da escola.
 
– A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, apresentou ontem (6) o relatório anual do comissariado ao plenário do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra. Crises na Venezuela, Nicarágua e situação dos imigrantes nos EUA foram seus focos.
 
– Segundo Bachelet, há uma crise política, econômica e social na Venezuela que tem sido “exacerbada pelas sanções internacionais”, gerando um resultado alarmante. O Conselho de Direitos Humanos da ONU voltará a se reunir para tratar da situação da Venezuela no dia 20 de março, com a presença da alta comissária. Bachellet e sua equipe devem chegar a Caracas em 10 de março.
 
– Na Venezuela forças chavistas estão convocando marchas para o dia 9 de março, data em que se completam quatro anos do anúncio das primeiras sanções impostas ao país pelo então presidente norte-americano Barack Obama.
 
– O retorno de J. Guaidó à Venezuela no último dia 4 foi menos espetaculoso do que norte-americanos e ele próprio gostariam. O vice-presidente americano, Mike Pence, tuitou no sentido de manter elevada a tensão com o governo Maduro: “qualquer ameaça, violência, ou intimidação contra ele não será tolerada e receberá pronta resposta”. À sua espera no aeroporto estavam os embaixadores da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Perú, Equador, Alemanha, Espanha, França, Holanda, Portugal e Romênia, além do encarregado de negócios dos EUA. Manifestantes anti-Maduro também estavam no aeroporto, mas tudo pareceu um arremedo frente ao recente fracasso da Operação Cúcuta de 23 de fevereiro.
 
– Um dos embaixadores que foram receber Guaidó, o da Alemanha, foi dado como persona non grata na Venezuela pelo chanceler Jorge Arreaza. O embaixador é acusado de ingerência externa nos assuntos venezuelanos.
 
– Incomodado com as referências à Guaidó na imprensa como “autoproclamado presidente” da Venezuela, o departamento de Estado dos EUA solicitou aos meios de comunicação de todo o mundo para se referir a ele como “presidente interino”. Segundo o porta-voz Robert Palladino não fazê-lo é “cair na narrativa de uma ditadura”. Em resposta, um jornalista que assistia ao pronunciamento ponderou que dos 193 Estados membros da ONU, apenas 50 reconheciam Guaidó como suposto presidente da Venezuela.
 
– Em vários países do mundo mulheres preparam os atos do 8 de março de 2019. Um manifesto internacional assinado por Angela Davis (Critical Resistence – EUA), Monica Benicio (Brasil – viúva de Marielle), Lucia Cavallero (Ni Uma Menos – Argentina), Nancy Fraser (intelectual – EUA), Morgane Merteuil (ativista – França), Kavita Krishnan (All India Progressive Women´s Association – Índia), entre outras, convoca um dia global de mobilizações pelo terceiro ano consecutivo.
 
– Na Argentina, na Praça do Congresso, em Buenos Aires, começou ontem (6) um acampamento feminista. As atividades seguem até sexta-feira, dia em que realizarão um ato da Greve Internacional Feminista e Plurinacional de mulheres, lésbicas, travestis e trans, segundo sua convocatória. Também ontem, as feministas argentinas fizeram um ato em frente à Central sindical CGT em protesto contra a recusa da Central em convocar uma paralisação geral para o 8 de março.
 
– Aconteceu ontem (6) também na Argentina uma paralisação e uma gigante marcha de professoras e professores. Os atos vêm em resposta a dados divulgados pelo Centro de Estudos Políticos da Argentina (CEPA) de que 70% dos docentes argentinos estão abaixo da linha de pobreza, além das reivindicações por aumento dos salários, segurança nas escolas e a “paritária nacional” (acordos coletivos salariais impedidos por decreto de Macri) não cumprida pelo governo. O movimento segue até sexta em coordenação com as atividades do 8 de março.
 
– Ainda sobre a Argentina, deu na revista Forbes que o país está a um passo do colapso econômico. A revista cita a CEPAL para dizer que o cenário econômico do país sul-americano pode ser explicado “pelo seu nível de endividamento, que aumentou 20 pontos percentuais do PIB entre 2017 e o segundo semestre de 2018, alcançando uma dívida pública de 77,4% do PIB”. A revista diz ainda que a cada dia na Argentina fecham sete pontos de comércio e que entre 2015 e 2017 foram fechadas 3190 empresas.
 
– Um registro importante e que não passou por estas notas é sobre a cúpula ocorrida no último dia 28 entre Trum e Kim em Hanói, no Vietnã. A reunião terminou antes do previsto e sem acordo entre os líderes, segundo a Casa Branca.

De Brasília, Ana Prestes