Cuba alerta a ONU sobre “agressão militar” dos EUA à Venezuela
O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, fez nesta terça-feira (19/02) um chamado ao Conselho de Segurança da ONU e à comunidade internacional para que rechacem o que classificou de ingerência dos EUA na Venezuela. Durante uma entrevista coletiva à imprensa, o diplomata disse que os EUA pretendem usar a desculpa de uma suposta ajuda humanitária para entrar na Venezuela contra a vontade de Caracas.
Publicado 20/02/2019 11:51
“Cuba tem denunciado constantemente que o governo do EUA prepara uma agressão militar contra a República Bolivariana da Venezuela com pretextos humanitários”, disse. Segundo Rodríguez, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, denunciou antecipadamente as graves consequências “sociais, humanitárias e para a paz e segurança regionais que teria uma nova aventura militar dos EUA em nossa América”.
De acordo com o diplomata, os EUA estão fazendo voos em instalações militares norte-americanas nos quais participam “unidades de operações especiais e de infantaria da Marinha são utilizados para realizar ações encobertas, inclusive contra líderes e pessoas consideradas valiosas”. Rodríguez citou o fato de que o presidente dos EUA, Donald Trump, e altos funcionários de Washington já disseram que “a opção militar [contra a Venezuela] está entre as que são consideradas”.
“Forçou-se uma data limite para impor a entrada de ajuda humanitária, o que se constitui por si mesmo um contrassenso. Não é possível que uma ajuda verdadeiramente humanitária se apoie na violência, na força das armas ou na violação do direito internacional”, disse.
O chanceler questionou o verdadeiro objetivo por trás da suposta ajuda humanitária se pretende levar à Venezuela. “Nos últimos dias se disse que a ajuda humanitária pode durar meses ou anos. Disse-se que seria o que durasse a reconstrução”, relembrou o chanceler, que reiterou que a Venezuela “é uma nação que não está em guerra e não sofreu uma guerra, mas é um excelente negócio para as empresas dos EUA”.
EUA pressionam Conselho de Segurança
“O governo dos EUA continua exercendo pressões nos Estados membros do Conselho de Segurança da ONU para forçar a opção de uma resolução que seria a antessala de uma intervenção humanitária”, disse Rodríguez. Segundo ele, há precedentes recentes desta estratégia, que geralmente busca estabelecer “corredores humanitários” sob amparo do capítulo sétimo do regulamento da ONU, que autoriza o uso da força.
“Temos a esperança de que o Conselho de Segurança da ONU faça prevalecer sua vocação e responsabilidade como principal garantidor da paz e da segurança internacionais e não se preste a aventuras militares. Chamamos seus membros a atuar com apego ao direito internacional”, disse.
“O governo dos EUA fabricou em Washington um golpe imperialista com um presidente construído na cidade. (…) Órgãos de imprensa credenciados deram todos os detalhes da maneira como o golpe foi articulado”, afirmou.
Para Rodríguez, as pressões do governo dos EUA sob outros países têm como objetivo forçar o reconhecimento do deputado opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país, assim como o chamado a novas eleições presidenciais – que desconheceriam as realizadas no dia 20 de maio de 2018, ganhas por Nicolás Maduro com 67% dos votos.
“Na Carta da ONU se diz que a razão da legitimidade de um governo reside no apoio de seu povo, e que nenhuma pressão externa pode substituir o exercício soberano da nação livre”, ratificou. O diplomata também alegou que, nestas circunstâncias, “só se pode estar a favor da paz e contra a guerra”, pelo qual respaldou o encontro de Montevidéu que chamou ao diálogo com a Venezuela.
Mobilização pela paz
O chanceler cubano convocou uma mobilização internacional pela paz, contra a intervenção militar dos EUA na América Latina e contra a guerra, independentemente de diferenças políticas e ideológicas “a favor de um bem supremo da humanidade que é a paz”. O chamado se estendeu a organizações e movimentos sociais, sindicais, Estados, camponeses, trabalhadores, comunicadores, entre outros, para se unir à iniciativa.
“Cuba reitera a firme e invariável solidariedade com o presidente constitucional Nicolás Maduro Moros, com a Revolução Bolivariana e chavista, com a união cívico-militar de seu povo. (…) Há que se defender na Venezuela a soberania de todos, a independência de todos.”
Fonte: TeleSur. Tradução: Opera Mundi